Alguns de nós, mais simplistas, poderão destacar os Biffy Clyro de uma forma bem simples, apenas como uma das maiores bandas de rock contemporâneo, sem precisar cá de prefixos ou sufixos para especificar. Fantásticos escritores de canções, tanto de temas desafiantes como para encher um estádio. Mas depois há outro destaque a dar ao trio Escocês: é sempre difícil e estranho situá-los no ponto da sua carreira. Já estão confortáveis? Ainda andam a experimentar? E a crise de meia-idade, será que está à espreita? Por acaso, este novo “Futique” não facilita a tarefa de responder a essas questões.
Se o recente “A Celebration of Endings” foi anunciado com um single que terá chamado a atenção, ou causado o alarme, pela estrutura da canção que tinha muito de “stadium pop rock” de hoje em dia, e depois o disco até era bastante variado… Então há um novo alarme a soar. “Futique” pode muito bem ser o seu álbum mais pop, no geral. Sem deixar a essência “Mon the Biff!” de lado e ainda com umas rockalhadas no sítio. Mas canções como “A Little Love,” “Shot One,” “Woe Is Me, Wow Is You” ou “Dearest Amygdala” mostram que ainda andam a tentar aprender uns truques novos. Só, talvez, não agradem assim tanto a todos. Mas a melodia apurada e a identidade estão lá. Por outro lado, sendo eles baladeiros com fácil tendência a ficar escorregadios, – o que não tem que ser uma coisa má, e no caso deles nunca foi – aqui até contêm um pouco essa parte.
Quando rockam mais, até arranjam outras referências. “Hunting Season” tem qualquer coisa de Placebo, e “Friendshipping” até pode não ter qualquer semelhança a nível estilístico, mas o riff faz-nos lembrar muito a “Little Sister” dos Queens of the Stone Age. As óptimas notícias estão em “Two People in Love,” que fecham o disco bem à Biffy Clyro, com um crescendo a culminar numa riffada apoteótica. Mas todas as canções são fortes e o álbum é bom, mas está muito dependente do futuro da banda para sabermos onde se situará. Dispara em várias direcções, logo teremos que ver como a banda evoluirá. Da mesma forma que “Puzzle” foi uma estupenda ponte entre o pós-hardcore mais enérgico e matemático de “Infinity Land” e o fantástico rock de estádio de “Only Revolutions,” veremos se “Futique” transita do experimentalismo dos dois anteriores discos gémeos para algo novo no futuro. Ou se deixa pontas soltas. Até lá, há muita coisa para se cantarolar por aqui. Mon the Biff, sempre!