Autopsy

Morbidity Triumphant
2022 | Peaceville Records | Death metal

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Não seria de esperar que nos habituássemos a certas imundícies, ao ponto de sentir-lhe a falta e precisarmos tanto dela. Porque não é algo literal onde chafurdamos, mesmo que tão bem represente isso, é mesmo o death metal grotesco dos Autopsy. O estilo que tocam não tem faltado, mas os monstros originais, desses tínhamos saudades. Vai havendo um EP aqui e ali, para enganar o estômago, mas já esperámos oito anos por uma dose inteira desta besta cheia de bílis. Se “Morbidity Triumphant” não é o melhor disco dos Autopsy desde o seu regresso… É porque a concorrência é forte!

Com uma carreira dividida em duas partes, com a tal interrupção pelo meio, redefiniram o death metal na sua mais podre forma e não se aponta ali um álbum fraco. Pronto, muitos consideram o “Shitfun” demasiado parvo, mas aqui por estes lados não se olha para essa semântica com tão maus olhos. Porque a brutalidade dos Autopsy é daquelas que por vezes até chega ao ridículo. E isso é um elogio. Do que fez “Mental Funeral” um álbum tão chocante em 1991, volta em “Morbidity Triumphant,” talvez o seu irmão mais parecido desde então. Perfeita continuação do arrastado e ameaçador “Tourniquets, Hacksaws and Graves” e o EP “Skull Grinder,” parece recuar no tempo para tornar a brutalidade mais crua ainda, sentindo-se um despir de algumas modernizações – muito bem aplicadas, no entanto – no regresso de “Macabre Eternal.” Fácil considerar este o melhor disco desde a reunião neste século.

A marca de death metal que é capaz de andar a toda a velocidade e repentinamente mudar para um arrasto de death doom sádico continua em vigor, com um ênfase diferente na fase lenta que parece ser mais baseada ainda num doom tradicional. São pormenores que nos fazem prestar atenção por entre aquelas sessões auditivas em que seja só a abanar a cabeça de início ao fim e imitar assim algumas onomatopeias de vómito que se assemelhem ao bruto estilo vocal de Chris Reifert, que ainda não se parece atrapalhar com a dupla ocupação de grunhir e deixar aquela bateria aos tiros. É capaz de ser mesmo o melhor e mais imundo desde o “Mental Funeral,” sim, o que deixa a dúvida é mesmo só a alta qualidade do resto do repertório. E, já agora, até parece estranho que estas nojeiras nos abram o apetite mas depois de uma dose destas, até que nem caía mal um regresso dos Abscess também…

Músicas em destaque:

Final Frost, Flesh Strewn Temple, Knife Slice Axe Chop

És capaz de gostar também de:

Bolt Thrower, Grave, Abscess


sobre o autor

Christopher Monteiro

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