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Goodnight, God Bless, I Love U, Delete.
2023 | Warner Records | Synthpop, Electrónica, Darkwave

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A meio de uma pausa entre grandes discos que mantenham os Deftones entre as maiores e melhores bandas do seu tempo, Chino Moreno lá decide resgatar um projecto antigo. Os seus Crosses, que podiam ter sido aventura de um álbum só. Um EP jeitoso no ano passado e vai quase uma década entre a estreia e este “Goodnight, God Bless, I Love U, Delete.” Felizmente não era música com data de validade, o que permite a esta novidade partir do ponto onde ficara, acrescentando sempre alguma coisa.

A entrada, “Pleasure,” deixa-nos descansados em relação à primeira impressão. Os Depeche Mode ainda estão a soar óptimos. É realmente uma referência forte – até a voz inconfundível de Chino pende ali para a do Gahan – e que se encontra muito ao longo de todo o disco, novamente dominado por várias camadas e tons de electrónica. Quer da mais iluminada e pop, que se sinta muito no single “Invisible Hand,” por exemplo, à mais escura e embriagada por darkwave, que leva isto para um lado mais soturno e depressivo, onde Chino costuma andar com conforto em todo o seu repertório. Um ying-yang acinzentado em que os dois opostos não só se completam, como são muito semelhantes.

Por entre experiências com algo mais industrial, com trip hop, cedendo mesmo ao hip hop – a participação do veterano rapper El-P em “Big Youth” – e nunca abandonando o rock por completo, numa procura pela sua marca única de dream pop ou synthpop, – e já falámos dos Depeche Mode, não já? – “Goodnight, God Bless, I Love U, Delete.” é mais um disco de imensa qualidade, a justificar a sua existência e a calar algum receio que houvesse por sacarem de um sucessor após tantos anos e quando já nos tinham convencido que a experiência ficaria por ali, por aquele auto-intitulado de 2014. Existe mais solidez na primeira metade, deixando a questão se não ficaria melhor ainda se essa parte se fundisse com o EP e acrescentando alguma das covers que têm feito tradição nos últimos Natais – podia ser mesmo a “One More Try” do George Michael, por ser tão curiosamente fiel à original. Mas lá está, faria disto melhor ainda, porque bom já é. Chino Moreno continua a ser um Midas e, já que estamos aqui e pedir não custa… Que venha daí um novo dos Deftones!

Músicas em destaque:

Invisible Hand, Pulseplagg, Last Rites

És capaz de gostar também de:

Team Sleep, The Black Queen, Depeche Mode


sobre o autor

Christopher Monteiro

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