Don Pie Pie

The Life of Pie
2020 | Monster Jinx | Rock

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DON PIE PIE formam um trio guiado pelas desafiantes combinações infinitas da música, sempre com partida na boa disposição. Na sua génese está o amor pelo rock, daquele efervescente e em crescente progressão. O som é disparado à velocidade da luz e em direções incertas, outras vezes, é lançado com delicadeza e em doses bem servidas (tudo isto a acontecer na dinâmica de uma só música).

“The Life of Pie” é o seu mais recente álbum, editado este ano pelas mãos da editora independente Monster Jinx, e está aqui descrito faixa a faixa.

#1 Peach White White

O nome da banda assim como o da música surgem como referência a um protagonista de um anime que nos inspirou muito durante a nossa infância, assim como a uma grande parte da geração nos anos 90, anime esse chamado Dragon Ball. O personagem é o infame Tao Pai Pai, mas traduzindo do Kanji (caracteres japoneses), significa Pêssego Branco Branco. Foi a primeira música feita por nós enquanto banda, surgiu de forma espontânea, ainda sem saber muito bem qual seria o nosso rumo sónico. A sinergia criada naquele nosso primeiro ensaio em 2017, fez-nos perceber que muito mais iria-se construir a partir daquele momento. É sem dúvida um rememoro dos mais bonitos que guardamos enquanto banda.

#2 Gaba Who?

Provavelmente será a música com mais partes distintas, mas todas servem o propósito enquanto peça final de um puzzle. É a nossa malha rock com extra aditivos, ou seja, variados sub-géneros que juntos compõem a peça. É como se estivesses a passar vários níveis de um RPG (Role Playing Game) e, consoante a narrativa, tens uma emoção para cada parte do jogo. A “Gaba Who” é exatamente isso, uma mescla de tudo o que Don Pie Pie pode ser.

#3 BujiGang

Nós chamamos-lhe o clássico da banda. A música que será “samplada” num futuro longínquo por híbridos (humanos mutantes), talvez por sentirmos uma mística diferente nesta que não sentimos noutras. De início ouve-se no fundo um padrão de bateria que se torna evidente com o passar dos segundos e no decorrer do tempo funde-se com o resto dos instrumentos criando um mantra. Deverá ser a que mais vontade nos dá tocar ao vivo, pelo seu caráter passivo-agressivo. É sempre engraçado jogar com as reações do público.

#4 Jubber This!

“Jubber This!” traduzido do vocabulário DPP é javardice, não é que a música seja mal-educada, mas sim mal-disciplinada, pois não segue regras. Na verdade nenhuma música nossa segue regras mas esta consegue ser a mais insurreta de todas. Quebramos compassos sem deixar compassos serem compassados, os entendidos podem dizer que estamos a tocar em 9/4 ou em 3/8, o que por acaso não nos interessa muito. Gostamos de tanto ir com a corrente ou em contracorrente mesmo que essas sejam puxadas novamente pelo mar, nós retomamos o percurso no “checkpoint” até finalizar o caminho. É a nossa malha mais progressiva onde envolve mais tecnicismo, é sempre desafiante tocá-la ao vivo.

#5 Ploy / Joy

Em DPP levamos tudo com muita descontração, não estamos a brincar às bandas mas gostamos de essencialmente nos divertir, e esta música reflete bem a animação extraída nos ensaios. Uma manobra de combate à tristeza será sempre a alegria, e nós como tríade, estamos cá para a combater, a nossa, a vossa, a de todos, sem preconceitos, apenas com o intuito de testar quem nos ouve, para explorar a imaginação de cada um, sempre com a graça que nos é inerente. O Miguel (Teclista) mostra neste tema a sua mais bonita linha de piano, simples e singela, podemos-lhe chamar de linha quintessential. Quinta música, quinta-essência.

#6 Mi-Ah-Ha

Existe um amigo nosso que utilizava esta onomatopeia inventada por ele mesmo, em situações divertidas e achamos a expressão em si foneticamente engraçada e como não tem significado nenhum achamos por bem dar lhe um nosso. É o tema mais divertido, dá para dançar e bater o pé, comer tartes e muitos doces até ficar extasiado de tanto contentamento. Mostra também o nosso lado latino, é verdade, nos gostamos de demonstrar esta particularidade portuguesa de ser-se latino, e assim quando fizermos uma tour mundial podem-nos chamar a banda de math-rock latino.

#7 Chick & Lean

Quisemos fazer homenagem às míticas bolachas Chiquilin, daí o nome, uma bolacha para adolescentes. Nós como adultos ainda somos um pouco infantis e é bem agradável. Assim escolhemos quando devemos assumir uma posição com seriedade ou apenas brincar com o que nos aflige. É a malha mais “calma” do álbum mas que não deixa de lado um bom plot-twist.

#8 Mante Killah

Para quem não sabe, o processo do álbum “The Life of Pie” é constituído por um aglomerado de três EP’s (DPP1, DPP2, e DPP3) sendo que o último integra apenas no LP. Foi tudo gravado numa quinta em Celorico de Basto mas em três fases diferentes (desde 2018 até final de 2019). Isto para nós foi muito bom, porque deu-nos liberdade para compor sem pressão e com tempo no que diz respeito a timings. Este tema só existe porque num desses convívios na quinta, vimos um episódio de “South Park” em que o personagem “Butters” era então um emigrante mexicano chamado “Mantequilla”. São fontes de inspiração inesgotáveis. De resto a música fala por si.

#9 Chairy

A última. Música que dá vida ao nosso primeiro videoclipe, onde o protagonista entra em modo de treino intensivo para alcançar a conquista num competitivo jogo das cadeiras e, por fim, levantar o seu troféu ou apenas sentar-se na cadeira sem que ninguém lhe importune mais. É a cereja no topo do bolo, representa bem todo o nosso espectro sonoro e dá luz a um futuro próximo. Um novo rumo onde cada vez mais convergimos para que a linha se torne uma só.


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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