Mão Cabeça são feitos de amizades que duram há mais de 20 anos, durante os quais se somam alguns projetos musicais, uns mais sérios que outros, mas que sempre reforçaram a certeza de que a música era terreno comum entre todos, e de que esse terreno era fértil para as suas ideias. Entre Loures e Odivelas, Mão Cabeça tem os primeiros esboços em 2018, mas só em 2021 André Boa-Nova, Gonçalo Gil, Frederico Nogueira e Pedro Castro decidem comprometer-se a abraçar o projeto e a levá-lo para a frente.
Depois de “Onde Moram os Casos Perdidos” (2023), o segundo EP da banda “Mão Quente” marca uma segunda fase do grupo, com mais trabalho na composição, produção, imagem e comunicação, face ao trabalho antecessor.
As canções foram produzidas e gravadas pelo Fancisco Marques (Next Level Productions) e a mistura e masterização ficaram a cargo do Filipe Adubeiro (Low Wave Studios).
#1 Mão Quente
Foi a primeira música a ser composta, mas a última a ser lançada. É a primeira faixa do EP, mas foi a última a ser terminada. É uma canção que fala sobretudo sobre o fator sorte na vida, e de como às vezes as coisas acontecem sem sabermos bem como. No fundo, acaba por ser também uma reflexão acerca do reconhecimento do lugar de privilégio. Lemos em qualquer lado que “Mão Quente” é uma expressão que pode significar sorte ao jogo e é daí que surge o nome da música, embora, entre nós, às vezes ainda se chame “Pedra”, nome que teve durante muito tempo.
#2 A Vida Que Se Cala
Todos os dias nos cruzamos com pessoas, sem nunca sabermos o que verdadeiramente se esconde por trás dos seus sorrisos, que realidades vivem atrás das paredes de suas casas, ou que dores podem estar disfarçadas numa conversa bem-disposta. Escolhemos, também nós, mostrar apenas os detalhes bonitos e mais polidos das nossas vidas, numa contrafeita perfeição forçada.
#3 A Cigarra e a Formiga
A terceira canção do EP, ao contrário da “Mão Quente”, foi a última a ser composta e a primeira a ser lançada. Inspirada pela fábula de La Fontaine, “A Cigarra e a Formiga” é uma reflexão sobre o modo de vida atual, onde nos dizem para trabalhar para amealhar e viver para trabalhar, deixando sempre para mais tarde os prazeres da vida. Deveremos ser mais cigarras ou mais formigas?
#4 Sofá
A premissa é muito simples: É uma canção sobre a dificuldade de sairmos da zona de conforto, onde tudo é feito à nossa medida e nos apresenta apenas os desafios que sabemos conseguir enfrentar. Questionamo-nos acerca do que seríamos capazes de conquistar, se nos propuséssemos à coragem de arriscar e de saltar o muro que erguemos à volta do nosso ”sofá”.
#5 Velho Amor
Foi dos temas mais espontâneos do EP, surgiu de uma jam num ensaio e teve um processo de composição relativamente rápido. Apesar do nome, não é uma canção romântica. É sobre como as exigências do quotidiano e o atropelamento dos dias todos iguais nos podem facilmente forçar a abandonar as coisas que fazem a vida valer a pena, aquelas paixões que nos dão propósito e nos tiram o sono de tanto entusiasmo. Quando nos apercebemos, apanhados na rede dos horários, das contas e das obrigações, pode ser tarde.
#6 Perdidos Achados (Bonus Track)
A “Mão Quente” era a canção que sentíamos mais distante das outras. Em termos de composição parecia-nos mais próxima do universo do primeiro EP, talvez por ter sido composta pouco depois de o termos terminado. Por isso, na fase de produção experimentámos bastante. Esta faixa extra foi o resultado dessas experiências e decidimos incluí-la porque gostámos do resultado e da ideia de fechar o EP com uma alusão à forma como ele começa.