Querem destacar-se no nosso panorama musical pesado e já com os olhos bem postos lá fora. Com convicção, e convincentes nisso. “Choke on This” é um disco de afirmação para os Stereophobia e é-nos explicado pela própria banda, que nos faz acreditar que o seu futuro é verdadeiramente risonho e que estão preparados para o que vier.

E após um considerável hype, finalmente se dá a conhecer este potente disco. Como foi o processo da sua criação e antecipação do seu lançamento?

O processo de criação deste álbum “Choke on This” foi praticamente imediato e espontâneo, surgiu num conceito quase conceptual sempre com uma linha condutora generalizada do que se pretendia desde o primeiro tema, quase como um diário de vivências passadas musicado. O álbum foi gerado sem expectativas no que toca ao mercado, foi criado essencialmente para nós, por necessidade de expressão na força emocional da mensagem e da música e, caso haja, posteriormente, quem se identifique e goste do que foi criado, obviamente ficamos mesmo muito gratos com essa receptividade calorosa.

Praticam um estilo que não abunda por cá. Acham isso vantajoso para se destacarem ou acham que pode haver alguma dificuldade em serem colocados nalguma “caixa”, nalguma cena?

É uma questão pertinente… Sinto muitas vezes que o mercado nacional encontra-se, sim, fechado nessa tal “caixa” no que toca ao metal e à sua criação. Quase como uma fórmula existente adotada já há alguns anos no meio underground, associada sempre ao mesmo estilo de bandas, mensagem ou imagem. Obviamente com algumas excepções mas, respondendo à questão, acho que tende mais para tornar-se um obstáculo para nós muitas vezes do que propriamente sermos favorecidos por essa diferença derivado ao meio existente nos festivais, espaços, etc.

Sinto que encapsulam a vossa música noutros tempos, há umas duas décadas atrás, adaptando ao presente. Posso estar completamente errado, mas sinto como se tivessem feito o disco que queriam ouvir mas há muito tempo que ninguém o faz. Há alguma verdade nisso?

Totalmente. Não quero parecer presunçoso nem nada do género, mas este é um trabalho que concentra tudo aquilo que me identifico a nível de sonoridades e influências, precisamente grande parte delas dessas décadas atrás. Posso mesmo afirmar que não me canso de o ouvir e estou muito satisfeito com o resultado.

Não só o vosso estilo, mas também a vossa comunicação parece ser mais direccionada lá para fora. Veem essa internacionalização como prioritárias? Consideram que serão daquelas bandas mais valorizadas lá fora do que cá no nosso país e já se estão a antecipar, ou ainda dão bastante importância à conquista de terreno nacional?

Mesmo nesta fase inicial de promoção do álbum tenho de admitir que estamos a ter mais aceitação lá fora do que cá dentro, a nível de projecção através das rádios, podcasts, magazines, reviews, agências de booking, etc e isso também poderá ir ao encontro da afirmação de sermos mais valorizados no estrangeiro. Tivemos a honra de assinar com a editora norte-americana Eclipse Records, o que também nos está a ajudar nesse impulso. De momento, grande parte dos nossos ouvintes nas plataformas digitais são do estrangeiro (EUA, Canadá e Reino Unido) e isso também é movido pela nossa força e ambição de querer atingir maiores mercados com mais aceitação na diversidade de estilos. Mas, obviamente, não descartamos a tentativa de poder crescer em território nacional.

O vosso estilo é bastante directo e sem rodeios, e as vossas referências são bem detectáveis. Têm alguma influência mais improvável na vossa música que não detectemos de imediato?

Exacto, as nossas influências são muito sentidas dentro do post-grunge e do nu metal mas há sempre influências que afectam também indiretamente o nosso som. Para além dos estilos mencionados anteriormente, confesso que há inspiração de bandas como Nine Inch Nails, Marilyn Manson, Anathema e Rob Zombie.

Em reacções à vossa música que verão por aí, já viram alguma comparação que vos desagradasse? Ou alguma que vos tenha surpreendido mais pela positiva?

Sim, há sempre uma tendência dos ouvintes ou da crítica para comparar bandas no seu percurso inicial com bandas que já vingaram no mercado, quer seja para para facilitar na sua descrição do tipo de som ou para catalogar um género. Regra geral, as comparações até têm sido positivas para nós, usualmente falam em Nirvana, Deftones, Alice in Chains e Korn.

Em algumas das letras têm a língua bem afiada. Do que falam as letras e qual é a temática que acompanha este “Choke on This”, desde a parte visual da capa e dos videoclips, às letras?

É tudo uma questão de expressividade emotiva, por vezes é necessário salientar essas emoções através dessa língua afiada para transmitir emoções intensas. Mas o selo “Parental Advisory” está presente para os mais sensíveis! Como referi anteriormente, este álbum está associado a vivências passadas relacionadas com negligência familiar, maus tratos, abandono emocional e a superficialidade dos ditos padrões da sociedade. Algo que tinha preso no peito e ombros há muitos anos e que necessitava expressar e deitar cá para fora.

Partilham com os In We Fall o estandarte da representação portuguesa na Eclipse Records. Como é trabalhar com essa editora e como acham que vos ajudará a ganhar ainda maior dimensão internacional?

Trabalhar com a Eclipse Records tem sido uma experiência incrível, uma ajuda tremenda na projeção e promoção do nosso som. São sempre muito acessíveis e sempre presentes em todo o processo com um constante planeamento de crescimento no impulso para uma maior dimensão internacional.

Quais os vossos planos e ambições para os palcos, neste e no próximo ano?

De momento estamos a planear a tour de promoção do álbum “Choke on This” a nível nacional e internacional com um alinhamento forte, denso e marcante ao vivo, a iniciar em Novembro com datas a divulgar em breve. Contamos também em estarmos presentes em alguns festivais a nível nacional no próximo ano.

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