Tornar-se uma das grandes referências do thrash/death metal não é coisa que acontece de um dia para o outro. Os Biolence têm um longo percurso antes de chegarem a este novo “Violent Obliteration” e reconhecem as mudanças que se foram dando ao longo dos anos até dar neste impressionante monstro. É César, vocalista e guitarrista, quem nos ajuda a conhecer melhor este novo disco, a distinguir os novos dos velhos tempos, e a saber usar a raiva.

Têm mais um grande disco cá fora e vocês próprios vendem-no como o mais violento até à data. Dada a intensidade dos anteriores, como consideram que este “Violent Obliteration” tenha conseguido alcançar isso?

A banda já passou por várias fases a nível de estilo musical durante todos estes anos, influenciadas por vários fatores. Sempre tivemos muitas influências musicais diferentes, e sempre tentamos explorar ao máximo todas as nossas influências musicais. Explorávamos quase tudo, desde o mais agressivo ao mais melódico, o que resultava em músicas extremamente diferentes umas das outras. Nos últimos trabalhos de estúdio tentámos direccionar a composição para um death/thrash mais direto, agressivo e coeso. Mantivemos alguma melodia, mas mais doseada.

Mantêm sempre aquela vibe old school à 90s, como sempre. Fazem-no conscientemente ou é algo que flui inevitavelmente quando começam a preparar os temas?

É algo que flui inevitavelmente e inconscientemente, as décadas de 80 e 90 sempre foram a nossa maior influência, e a maior parte da música que ouvimos é dessas décadas, principalmente os 90s, que foi, na minha opinião, a década de ouro do rock e do metal.
Toda a nossa música flui naturalmente, nunca tentamos conscientemente criar um produto mais apetecível para o público.

Apesar disso, trabalharam o novo disco com intenção de o fazer soar actual? Ou intemporal?

Também foi sem intenção nenhuma. Trabalhámos até sentirmos que estava perfeito para nós.
Atual nunca seria a nossa intenção, intemporal claro que sim, acho que é o desejo de todas as bandas que lançam discos.

Os temas das letras seguem a mesma vertente que, infelizmente, são coisas sempre presentes e também elas intemporais. É uma raiva que vos ajuda e que conseguem transferir para a música?

Todos os temas que abordamos nas letras são temas que nos causam raiva real na nossa vida e dia-a-dia. Biolence é o nosso veículo para descarregar essa raiva, Biolence existe para passar uma mensagem. É mais do que apenas música.

Como tem sido a adaptação do Miguel Sousa, novo baterista? Chegou a tempo de se envolver no “Violent Obliteration”?

A adaptação do Miguel tem sido exemplar, muito dedicado e competente. Ainda está em clara evolução, apesar de já estar num nível muito acima da média.
Já há muitos anos que não tínhamos este tipo de dedicação na bateria, é sem dúvida uma lufada de ar fresco. Ele já toca qualquer música de Biolence sem qualquer tipo de dificuldade.

Já vão mais de 25 anos de carreira, o que não é brincadeira… Com certeza já viram de tudo! Quais as principais diferenças que notam no underground nacional e nortenho dos vossos tempos iniciais e com o de hoje em dia?

Nos anos iniciais não éramos tão pró-activos a nível de divulgação e tínhamos pouco contacto com o underground, só queríamos ensaiar e compor, e quando aparecia um convite para um concerto de vez em quando, nós aceitávamos. E mesmo nesse modo mais descontraído nos inícios de 2000, estávamos a conseguir um bom grupo de fãs no Porto, principalmente. Entretanto tivemos bastantes trocas de membros e instabilidade na banda. Ao longo desses anos tivemos que “recomeçar do zero” mais do que uma vez. Portanto, tendo em conta que só tivemos um maior envolvimento na segunda metade da nossa carreira, não temos grande termo de comparação.
Mas agora provavelmente será mais difícil, tendo em conta que há muita mais oferta e a divulgação é fácil e gratuita.

E quais as principais diferenças que apontarão entre os Biolence de início, das primeiras maquetas, e os actuais?

Primeiramente, várias diferenças a nível de estilo musical. Atualmente somos obviamente muito mais experientes e isso reflete-se nas atuações ao vivo e em estúdio. A nível de temáticas nada mudou, a raiva mantém-se inalterada!

Tendo começado em tempos em que ainda não existiam todos os meios de hoje em dia, olham com gosto para as comodidades existentes hoje em dia para a divulgação de música, ou acham que o “DIY” de antigamente é bom para moldar atitude e resiliência?

Ambos têm vantagens e desvantagens! Antes era muito mais difícil divulgar, mas as pessoas davam mais valor ao que conseguiam arranjar para ouvir, porque era muito mais escasso. Hoje em dia é super fácil divulgar, mas há demasiada oferta e tudo se torna descartável e esquecido rapidamente.

Claro que também já têm muita estrada e já tocaram em todo o tipo de palco. Consideram a experiência ao vivo tão ou mais importante que a de estúdio, para música como a vossa?

É igualmente importante para a nossa evolução como músicos. Mas nada bate tocar ao vivo! Sem dúvida é o ponto alto para nós!

E quais são os planos para os palcos, agora com o “Violent Obliteration” e as músicas novas cá fora? Alguma ambição ainda por cumprir?

Os planos para os palcos já estão a ser delineados no background, em breve vamos começar a divulgar mais datas. Ambições por cumprir são muitas! Há um mundo inteiro por explorar.

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