Serushiô

I’m Not Lost .​.​. Just Don’t Want To Be Found
2014 | Sincronia de Sons | Rock, Blues

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Menos de dois anos depois do lançamento de Life On Extended Play, os Serushiô – leia-se Sérgio Silva e José Vieira – voltam às edições com I’m Not Lost … Just Don’t Want To Be Found e ao ouvi-lo encontramos fatos evidentes de crescimento.

Esta forma orgânica de trabalhar e de trazer a música back to basics (em pleno 2015, imagine-se o sacrilégio) numa mistura de blues, rock clássico e um cariz indie, faz de I’m Not Lost … Just Don’t Want To Be Found uma das boas surpresas musicais dos últimos tempos.

O disco foi gravado nos estúdios Meifumado e masterizado por Mattew Barnhart (que recentemente deu uma mãozinha ao novo disco de Metz) e também neste ponto a evolução é enorme. A produção do disco permite que a música se revitalize e encontre o seu próprio espaço para deixar fluir os ganchos melódicos que estes temas apresentam.

São oito, embrulhados em riffs dançáveis e que se tornam a banda sonora ideal para (n)os regarmos com uns copos de cerveja nestas noites de verão. Convidem uns amigos e experimentem a receita com Boogie Song, Devil’s Tune ou Walking Man, provavelmente os temas com mais ginga. Mas nem só de groove vivem as músicas de Serushiô, pois no seu âmago o que temos aqui a valer é a costela singer/songwriter de Sérgio Silva, que nos vai conduzindo por ensinamentos e contos até ao ponto de encontro entre a guitarra e a voz. No entanto, em I’m Not Lost … Just Don’t Want To Be Found faltam mais dinâmicas que possam, eventualmente, dar ao disco um maior sentido de viagem (sem que este se perca).

Ao longo de uma história de mais de 40 anos, há pelo menos metade que o mundo se tem questionado sobre o prazo de validade do rock, e foram vários os momentos em que se afirmou que o mesmo estava morto. É inegável que atravessa, mais que nunca, um período de seca. O indie encontra-se estéril. E o blues, está morto? Bem, o B.B. King está.

Ao ouvir o mais recente disco dos Serushiô ficamos com a certeza de que no que depender deles, a chama vai continuar a arder e o rock vai manter-se fora da campa. Perdoem-me o trocadilho fácil, mas vão por aí e encontrem-nos na estrada pois ao vivo estas músicas ganham ainda mais fogo. Tal como deve ser o rock.


sobre o autor

Carlos Vieira Pinto

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