Unsafe Space Garden regressam com “FKNKU”
por Arte-Factos em 23 de Outubro, 2025

Os Unsafe Space Garden regressam com “FKNKU” (lê-se literalmente: faca no cu) e o título não deixa margem para dúvidas. Esta é música que não procura agradar, procura atravessar. Gravado e produzido com o rigor já reconhecível na banda, o tema confronta a dor aprendida, as feridas disfarçadas, os cortes invisíveis que cada um carrega.
Nuno Duarte, Alexandra Saldanha, Filipe Louro, José Vale, Diogo Costa e João Cardita constroem, neste novo tema, uma paisagem sonora onde o caos e a precisão se fundem e cujas variações de intensidade já se tornaram marca identitária: o fuzz agressivo das guitarras entrelaça-se com passagens mais densas e atmosféricas, as baterias aceleram para depois nos tirarem o tapete, os sintetizadores assumem o protagonismo. Sem pedir autorização a nenhum manual de estilo, ao centro, a letra é a verdade nua e com sotaque das coisas que se sentem, mas raramente se dizem. E humor suficiente para tornar tudo ainda mais cortante.
Depois de “WHERE’S THE GROUND?” (2023), que consolidou os Unsafe Space Garden como uma das propostas mais desafiantes da música portuguesa contemporânea, este novo tema impõe-se como uma provocação necessária num tempo de silêncios convenientes que nem sabem que o são.
Mais do que um complemento visual, o vídeo de “FKNKU” é uma extensão orgânica da própria canção. Realizado por André Tentugal e protagonizado por Frederico Ferreira, o vídeo nasce de um processo profundamente colaborativo entre banda e realizador. Esta é uma criação onde música e imagem se entrelaçam num mesmo gesto poético que resulta numa viagem intensa e simbólica, que parte do corpo transformado em campo de batalha, tanto pessoal como colectivo.
Depois de terem subido a palcos como os do NOS Primavera Sound, Tremor, Vodafone Paredes de Coura, MEO Kalorama, Festival FOCUS Wales e Festival Sinsal, os Unsafe Space Garden provam que não é preciso suavizar arestas para conquistar território. A originalidade não é obstáculo, é combustível. Não fazem música sobre o mundo. Fazem música contra a inércia. Contra a precariedade, o colapso ambiental, as guerras de sempre e o futuro que continua a faltar ao encontro.