Porto/Post/Doc 2025: o cinema como viagem pela memória, identidade e futuro

por Arte-Factos em 19 de Novembro, 2025

Porto/Post/Doc 2025: o cinema como viagem pela memória, identidade e futuro

Entre 20 e 29 de novembro, o Porto/Post/Doc regressa à cidade do Porto com uma programação que transforma o cinema num espaço de encontro, reflexão e descoberta. Sob o mote “O Tempo de Uma Viagem”, a 12.ª edição do festival portuense propõe um olhar sobre o movimento – físico, afetivo e político – que atravessa as sociedades contemporâneas. De Carla Simón a Jim Jarmusch, de Lina Soualem a Andrei Ujică, o festival volta a afirmar-se como um dos grandes pontos de convergência do cinema internacional.

O filme de abertura, “Romaria”, de Carla Simón, e o filme de encerramento, “Pai Mãe Irmã Irmão”, de Jim Jarmusch, espelham o espírito desta edição: um cinema que se move entre a intimidade e a melancolia, explorando os laços familiares e o poder da memória. Entre ambos, mais de 135 filmes serão exibidos nas diversas secções competitivas e temáticas, com destaque para a Competição Internacional, a Competição Cinema Falado dedicada à lusofonia e o Cinema Novo, que dá palco a jovens cineastas.

O festival presta também homenagem a dois autores fundamentais da reflexão sobre o cinema e a história: Lina Soualem e Andrei Ujică. As suas filmografias, apresentadas em programas integrais e masterclasses, exploram as relações entre memória, exílio e identidade, convocando os fantasmas coloniais, os arquivos e as imagens do poder. Soualem traz ao Porto as suas premiadas longas “A Argélia Deles” e “Bye Bye Tibériade”, enquanto Ujică revisita obras de referência como “Videogramas de uma Revolução” e “A Autobiografia de Nicolae Ceaușescu”.

Para além das competições, o festival amplia horizontes com a competição Transmission, dedicada à música e à cultura popular. A programação deste percorre universos tão diversos quanto os “listening cafés” de Tóquio, as raves de Roterdão, o hip-hop da margem sul do Tejo ou o flamenco virtuoso de Yerai Cortès, passando ainda pelas experiências de artistas de culto como Madonna, The Residents, Orlando Pantera e Butthole Surfers.

As Sessões Especiais do festival afirmam o cinema como espaço de pensamento e intervenção. Entre as antestreias e descobertas, destacam-se “Cabo do Mundo”, um retrato do litoral português em mutação; “Bulakna”, que dá voz a mulheres migrantes; “A Cidade Que Se Foi Embora”, sobre as urbes submersas do Curdistão; “Yanuni”, centrado nas lutas de resistência indígena; “Pequena Síria”, evocando as memórias do exílio e da reconstrução; e “Nova’78”, uma viagem à contracultura nova-iorquina dos anos 70, com imagens inéditas da mítica Nova Convention, onde Burroughs, Patti Smith e Frank Zappa se cruzaram em três dias de liberdade criativa.

Já no Planetário do Porto, o cinema expande-se literalmente em todas as direções: oito filmes fulldome cruzam arte e ciência para explorar o cosmos, a matéria escura e as fronteiras do real e do imaginário.

Mais informações em www.portopostdoc.com.

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