Novas confirmações para o FEST 2025

por Arte-Factos em 6 de Junho, 2025

Novas confirmações para o FEST 2025

De Beirute à Ucrânia, passando pelo Egito, Hungria, Alemanha e Dinamarca, o FEST 2025 continua a reforçar a sua programação com uma seleção de filmes que explora, com sensibilidade e ousadia, os dilemas morais, políticos e sociais do nosso tempo.

Entre o íntimo e o colectivo: retratos da contemporaneidade

Diretamente do Egipto e França chega uma das grandes revelações do ano: Spring Came On Laughing, de Noha Adel. Vencedor de dois prémios no Festival do Cairo, incluindo o Prémio da Crítica, o filme revela, em quatro histórias interligadas, os segredos e ansiedades escondidas por detrás de sorrisos aparentemente felizes de mulheres egípcias. Uma narrativa profundamente emancipadora e simultaneamente perturbadora, marcada por uma primavera de emoções intensas.

Lessons Learned, segunda longa do realizador húngaro Bálint Szimler, chega a Espinho após conquistar prémios em Locarno. Num registo simultaneamente satírico e comovente, o filme segue uma jovem professora e um estudante num sistema de ensino opressivo, funcionando como alegoria do impacto de 15 anos de domínio da nova direita na Hungria. Um retrato imprescindível da luta pela integridade e pela mudança num contexto europeu cada vez mais polarizado.

Estreado no Festival de Berlim, The Good Sister, de Sarah Miro Fischer, mergulha num dilema moral devastador: Rose é chamada a testemunhar contra o irmão, acusado de violação. Um filme que confronta o espectador com o choque entre laços familiares e a violência de género, num registo cru, corajoso e absolutamente atual.

A guerra como quotidiano e o turismo como distorção

Da Ucrânia chega Songs Of Slow Burning Earth, segunda longa de Olha Zhurba, estreada no Festival de Veneza. Uma obra sensorial e devastadora que funciona como diário audiovisual dos dois anos de invasão russa, explorando a normalização do horror e o esforço de uma nova geração em imaginar um futuro possível. Uma experiência cinematográfica imersiva que se impõe como documento incontornável do nosso tempo.

To Close Your Eyes And See Fire, dos austríacos Nicola von Leffern & Jakob Carl Sauer, leva-nos ao rescaldo da explosão no porto de Beirute. Através de diferentes personagens, o filme constrói um mosaico de vidas marcadas pela catástrofe, pela dor e pela arte como forma de sobrevivência. Um poderoso retrato colectivo das cicatrizes de uma cidade que se recusa a ceder ao desespero.

Por fim, da Dinamarca, A Place In The Sun, de Mette Carla Albrechtsen, oferece uma visão crítica e melancólica dos bastidores de uma estância de férias. Com estreia no CPH:DOX, esta obra convida-nos a refletir sobre o impacto do turismo nas pessoas e nos territórios, entre o encanto da paisagem e o desencanto da realidade.

Curtas em destaque na competição Lince de Prata

A secção competitiva de curtas-metragens Lince de Prata destaca-se este ano por apresentar algumas das obras mais surpreendentes e inovadoras do circuito internacional. Entre elas encontra-se My Mother is a Cow, de Moara Passoni (Brasil), uma peça de realismo mágico que teve estreia em Veneza; Inflatable Bear, Hourly, de Elisabeth Werchosin (Alemanha), uma curta surrealista que aborda com acutilância as dificuldades laborais de uma imigrante em Berlim; e Karmash, de Aleem Bukhari (Paquistão), um thriller que funde tradição e cinema de género, estreado na Quinzena dos Realizadores em Cannes. Nota ainda para Wassupkaylle, uma comédia ácida que satiriza o universo dos influencers e os extremos a que chegam pela atenção do público; Lux Carne, de Gabriel Grosclaude (Suíça), apresenta uma distopia inquietante onde uma nova lei obriga os cidadãos a matar os animais que consomem; e The Age Of The Flowing Plants, de Magali Ugarte de Pablo (México), transporta-nos para uma fantasia mágica de desejo e auto-exploração feminina.

Primeiros nomes do Training Ground já confirmados

Anunciam-se hoje as primeiras confirmações no programa de masterclasses e conversas do festival. Realizador e produtor filipino, Brillante Mendoza é conhecido pelo seu estilo cru e realista, que expõe as tensões sociais e morais da vida urbana nas Filipinas. Ganhou destaque internacional com Kinatay, que lhe valeu o prémio de Melhor Realizador em Cannes em 2009. Scandar Copti, realizador palestiniano nomeado para um Óscar, destacou-se com a sua primeira longa-metragem Ajami (2009), vencedora da Câmara de Ouro em Cannes, e mais recentemente com Happy Holidays (2024), premiado no Festival de Tessalónica. Ator luso-brasileiro, Edison Alcaide passou pelo FEST enquanto participante e volta, agora, para partilhar o seu percurso até ao atual protagonismo na série Suspect: The Shooting of Jean Charles De Menezes (2025), da Disney+, onde interpreta Jean Charles de Menezes — o jovem brasileiro inocente assassinado a caminho do trabalho em Londres. Polly Duval é uma experiente supervisora de pós-produção britânica, com créditos em filmes como Notes on a Scandal (2006), One Day (2011) e Colette (2018), desempenhando um papel crucial na finalização de diversas produções cinematográficas. Realizador britânico, Pete Travis é conhecido por filmes como Vantage Point (2008) e Dredd (2012), tendo iniciado a sua carreira como assistente social antes de se dedicar ao cinema. Realizador e produtor português, Gonçalo Galvão Teles é reconhecido por obras como Gelo (2016) e Senhor X (2010), contribuindo significativamente para o cinema nacional. Diretor de fotografia francês premiado com um Óscar por A River Runs Through It (1992), Philippe Rousselot é conhecido pelo seu trabalho em filmes como Entrevista com o Vampiro (1994) e Big Fish (2003). Realizador britânico especializado em filmes interativos e aprendizagem digital, Martin Percy é vencedor de um BAFTA, um Emmy e vários Webby Awards, destacando-se pelo uso inovador de inteligência artificial em projetos como Lifesaver e The Bali Temple Explorer. Produtor e argumentista independente iraniano, Kaveh Farnam é amplamente reconhecido pelo seu compromisso cultural e projetos com forte consciência social. Ganhou destaque internacional pelas suas colaborações com Mohammad Rasoulof, incluindo There is No Evil (2020), vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, e A Man of Integrity (2017), premiado na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes.

O FEST já tinha anunciado o foco no Cinema Georgiano na secção Be Kind Rewind, o filme de abertura Happy Holidays de Scandar Copti; o filme de encerramento C’est pas la vie en rose, de Leonor Bettencourt Loureiro, assim como a restante seleção de longas metragens e os filmes em competição no Grande Prémio Nacional.

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