Filmin estreia filme “A Primeira Idade”, de Alexander David
por Arte-Factos em 10 de Setembro, 2025

A Filmin estreia em exclusivo e diretamente na plataforma, o filme A Primeira Idade, a primeira-longa de Alexander David, no dia 25 de setembro.
A primeira longa-metragem do realizador Alexander David, o filme esteve presente na seleção do festival de Roterdão e na competição nacional do Indielisboa e conta com actores como Joana Ribeiro, Ágata de Pinho, João de Rosário, Rodrigo Marujo, entre outros.
A Primeira Idade leva-nos até uma ilha quadrada, onde vive uma comunidade isolada, cercada por uma floresta, habitada unicamente por crianças. Nenhuma delas sabe falar. Temem envelhecer. Quando uma delas alcança a idade adulta é expulsa da ilha. Um dia, uma miúda pequena e curiosa ouve um assobio vindo de dentro da floresta que a atrai.
Guiadas pelo membro mais velho, elas funcionam como uma comuna agrária com regras e crenças rígidas. Todos os anos, os jovens mais velhos da aldeia são banidos para as florestas circundantes ou enviados para saltar de um penhasco — um ritual que acreditam conferir-lhes a juventude eterna. Mas o seu modo de vida é ameaçado quando uma delas atende ao chamamento da floresta proibida.
Com A Primeira Idade, Alexander David quis propor a construção de uma realidade regida segundo regras infantis. Nesta ilha, o conceito de idade adulta é rejeitado. A comunidade de crianças vive de acordo com regras estritas: quando se tornam adultos são expulsos, para que os demais não presenciem o seu envelhecimento. Acreditam num ritual que previne a velhice: a criança deverá saltar de uma ravina abaixo para o oceano na esperança de ser transformada num “peixe eterno”. A juventude é exaltada e é o lugar da felicidade. As personagens mais velhas (monstros antigos que habitam a floresta) são vistos como algo repugnante e medonho. É uma narrativa que ecoa de forma perversa mas literal os contos infantis e a imaginação dos jovens atores amadores com quem construí o filme, ao longo de oficinas de representação e criação passadas juntos. Procurei encontrar formas cinematográficas que materializassem as imagens que criámos juntos.
O realizador acrescenta ainda que lhe cativam os mundos aos quais apenas as crianças conseguem aceder. E os filmes que representam, e portanto nos recordam, da forma como todos começámos por ver o mundo, e os universos que já foram os nossos. Filmes feitos dos desejos e medos infantis, tão estranhos e assustadores quanto estes podem ser. Também eu quero construir mundos assim, alegorias que refletem sobre o crescimento e a transformação. Onde o seu mundo individual se transforma na sua revolução individual.
O filme foi filmado na aldeia onde Alexander David cresceu, Vilamar, no concelho de Cantanhede e começou tudo como um pequeno curso livre de verão dedicado à representação com crianças e adolescentes que casualmente apareceram, e que foi crescendo até se tornar um filme. Muita gente da terra envolveu-se em áreas diferentes, da produção à direção de arte e ao guarda-roupa, gerando-se uma dinâmica na comunidade, alargando perspetivas, dando origem a um novo sistema de produção cujos resultados não poderiam ter sido alcançados através de nenhum outro modelo.