Fora de época? Nada disso. Não só pelo sacrilégio que é dizer que alguma coisa que os pioneiros, os precursores do heavy metal cá por nossas terras, venha fora de época, ainda para mais quando este é só o quarto álbum em 45 anos de carreira. É referente ao “Entrudo” que poderá ter já passado uns meses antes do lançamento deste disco. Mas, no que toca a andar mascarado, a esconder-se, a fingir, a ocultar coisas… Os Xeque-Mate querem lembrar-nos que há dessa folia o ano todo.

Portanto, a cólera não parece estar travada e a língua parece vir tão afiada como no “Não Consigo Manter a Fé.” E ainda bem. O grito de revolta move esta música, que é tão assente no hard rock mais melódico, como no heavy mais clássico, e até mesmo numa garra mais contemporânea, e acrescenta-lhe personalidade, traz algo mais profundo ditado na voz de Xico Soares, ainda inconfundível. Reminiscências do clássico “Em Nome do Pai, do Filho e do Rock ‘n’ Roll” no riff de “Corre, Corre” que também traz algo de actos lendários internacionais como Judas Priest ou Dio e abre-se um tremendo disco de heavy metal, da velha-guarda, talvez mais ainda nessa vertente, nessa fonte, do que o mais rockeiro – mas na mesma pesado e bastante metalizado – “Não Consigo Manter a Fé.

riffs a validar o veneno causado pela revolta, há grandes refrães para cantarmos com eles, há mensagens pertinentes. Há encontros de gerações num interessante desfilar de convidados em “Corre, Corre” – dos Tarantula e dos Toxikull – e, se o problema for febre, até cowbell há em “Não Me Lembro.” Mantêm a viagem relativamente breve, para não ficar espaço para fillers, e com cada malha a impor-se por si, para nos lembrarmos bem delas quando for para partilhar a revolta com eles, num palco por aí algures. Um disco exemplar, de uma banda que abriu caminho para todas as outras que hoje desfrutamos. Sem a arrogância de quem já não tem algo a provar e nem precisa de se esforçar, mas com a confiança de quem realmente nos trouxe e importou desta música. O “Entrudo” de que falam até pode ser um inferno, mas este “Entrudo” que assinam… Este celebramos-lo o ano todo.


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