Scott Weinrich, ou Wino para os amigos e todos nós, já é um padrinho de tudo o que seja doom, stoner e até no meio do punk, porque esqueceram-se de lhe avisar que essas coisas deviam ser opostas, ou lá o que era. Colecciona bandas altamente influentes e não tem amostra de coisa alguma ainda por provar. Deixem lá o homem ser introspectivo e fazer uma coisinha mais simples, como é o caso deste “Create or Die”.
Claro que não é alguma coisa de muito inovadora ou que vá marcar assim muito durante a espera do próximo disco de alguma das suas bandas que ele queira resgatar ou continuar, – ou, se quiser voltar aos Saint Vitus, também não deve haver assim muita oposição – mas entretém, enquanto escreve umas canções que serão mais para si próprio e que, seja qual for a deambulação estilística, soa sempre a algo da sua marca. Ou seja, há aqui muito riff da escola Sabbath, mas num trabalho que não se obriga a ser tão “metálico”. O riff de “Anhedonia”, logo a abrir, se calhar até tem mais de AC/DC do que de outros clássicos doomsters. E, claro, veste a pele do cantautor para as suas canções mais folk, como se o Bob Dylan não tivesse tido aquela fase gospel e tivesse procurado o caminho espiritual contrário.
Mas o que se realça mais – até porque a sua folk nem é assim propriamente tão Dylanesca – é a influência do sul. Um rock sulista mais distorcido, um country mais maléfico do que outlaw – especialmente na recta final da impecável “Bury Me in Texas” e da totalmente acústica “Noble Man” – e sai um retorcido disco de americana que troca o chapéu de cowboy por uns chifres. Já andava na vertente completamente acústica nos registos anteriores e aqui finalmente assume a mistura das suas duas facetas, de forma a que conviva tudo e não sejam dois discos colados a tentar passar por um. O doom voltou, talvez inspirado pelo recente trabalho de The Obsessed, e há algo para o fã disso, para o fã de rock clássico de esgar southern, para o fã de Wino. Um omnipresente muito bem-vindo.

