Eventualmente, no meio de uma catadupa tão abundante, ia ter que chegar aqui às nossas páginas algo referente a este black metal – não exclusivamente – que nos enche o olho antes de encher o ouvido e que se movimenta muito bem pelo underground. Os Weald & Woe podiam fazer parte do black metal atmosférico mais depressivo, mas vão por outro caminho, que já traçaram no anterior “For the Good of the Realm” e que asseguram, com confiança, neste novo “Far from the Light of Heaven.

E nesses discos, cuja conquista de atenção é ainda crescente, tocam uma outra vertente de black metal que não poupa na agressividade, mas que até nem soa tão inspirada na infame segunda onda Norueguesa. De imensa influência medieval, tocam aquilo a que ousam chamar de “castle metal,” já que nisto dos rótulos vale tudo, claramente. Lerão a mesma referência em montes de outros textos, logo também não se safam aqui: Obsequiae, banda norte-americana que se destaca como pioneira disto. E é normalmente ali pelos Estados Unidos que parece haver um fascínio com o Medieval que não tiveram, já que também é de onde vêm os Weald & Woe, a tocar um black metal que por acaso até nem negará a influência sonora nortenha florestal que por lá tenha.

Contudo, é um black metal muito melódico. Mas não à Sueca, nem à Dissection. Como se de um heavy metal tradicional muito distorcido se tratasse. Desengane-se quem vai atrás da cena do “castle metal” a contar com muito folk por aqui. Não há. A melodia criativa está toda no trabalho da guitarra. Arrisca-se sempre a ficar melódico demais, mas é assim mesmo que casa tão bem com os frenéticos blastbeats e com a arrepiante berraria de Jeff Young, membro central desta banda. Pode ser todo um movimento a descobrir, para alguns, e os Weald & Woe são um bom ponto de partida, com qualquer disco. Se querem um tipo de black metal melódico bastante peculiar, orientado por riffs complexos, com berraria de garganta ensanguentada, então partam para o campo de batalha com esta malta, que entende que estes tempos têm tanto de fantástico como de violento, e não cortam numa coisa nem na outra.


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