Watain

The Agony & Ecstasy of Watain
2022 | Nuclear Blast | Black metal

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Uma das mais, se não a mais espiritual das bandas de black metal, que leva isto do Satanismo bastante a sério e cujas conversas profundas do vocalista Erik Danielsson podiam tornar toda a banda um pastiche de pretensiosismo de não se levar a sério. No entanto ficam-se por ser uma das maiores e mais criativas bandas de black metal contemporâneas, que parece andar sempre à procura do seu maior e melhor trabalho. Para conhecermos os seus dois pólos, para encontrarmos a harmonia entre a sua agonia e o seu êxtase, os Watain apresentam-nos mais um novo álbum para impressionar.

O cunho pessoal e marca registada do seu black metal já está estabelecido, já deu passos bem largos além do black metal melódico à Dissection que lhes era atribuído ao início e tudo deve-se à sua total falta de medo em reinventar-se, mesmo mantendo sempre o mesmo fio condutor. Podiam ser a mais agressiva das bandas de black metal melódico, como podia ser a mais melódica das bandas de black metal cru. Vão além disso, e até adorariam que os considerássemos mesmo alguma entidade espiritual. Mas então olhemos à harmonia que procuram neste “The Agony & Ecstasy of Watain,” uma união de dois extremos que supostamente devemos encontrar sempre na música dos Watain. A luz e a escuridão. Então olhemos a isso com referências mais concretas: os seus dois últimos álbuns. “The Wild Hunt” surpreendeu imenso e até terá chocado com a sua abordagem mais épica, da qual saiu uma inesquecível “They Rode On.” E “Trident Wolf Eclipse” foi o que se despiu de tudo e se tornou um dos seus discos mais caóticos. E aqui o “Agony & Ecstasy” podia muito bem ser o perfeito sucessor de qualquer um deles.

A entrada com “Ectasies in Night Infinite” é deveras cortante e segue-a uma “The Howling” com ares dos Watain do “Lawless Darkness.” As trevas deixam-se ficar épicas numa fantástica “Serimosa,” que melhor funde esses tais vértices contrários, e o mesmo clima instala-se na meia progressiva “Before the Cataclysm.” E para termos mesmo dois objectos completamente diferentes para compararmos na balança, há a rudeza crua de uma “Black Cunt” na primeira metade e uma lindíssima “We Remain” que, em dueto com a ex-The Devil’s Blood Farida Lemouchi, candidata-se a ser a nova “They Rode On” cá do sítio. E é uma faixa que antecede uma “Funeral Winter,” que será o mais simples exemplo do black metal na sua forma mais “tradicional.” E o que mais surpreende nisso tudo, além das malhas em si, é a coesão, a forma como tudo isso convive. Para constituir aquilo que é realmente um disco dos Watain. Isto do black metal é um negócio muito sério para estes Suecos mas não deve haver tronos, coroas ou coisa que o valha para destacar bandas. Caso haja, mais vale dá-los de uma vez a esta malta, enquanto registamos os critérios tão difíceis de alcançar que constituem um clássico dos Watain. E estão todos aqui!

Músicas em destaque:

Serimosa, Black Cunt, We Remain

És capaz de gostar também de:

Dissection, Marduk, Dark Funeral


sobre o autor

Christopher Monteiro

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