Querem thrash? Peguem lá thrash! E seria com esta simplicidade que podíamos ficar por aqui, atribuir a classificação, mandar-vos ouvir e já podíamos avançar para o próximo disco da fila, que estava tudo muito bem explicado e, ainda por cima, à moda de como o próprio disco é: curto e grosso. Mas porque é que “Unholy Retribution” é tão exemplar dentro do seu veloz e selvagem estilo?
Não é por ser algo de muito complexo, e muito menos inovador. Os Violator já não são nenhuns estranhos à cena thrash mundial, capazes de carregar o estandarte da onda brasileira, ali bem na frente. Não editam assim à toa, só porque sim, todos os seus discos são bastante espaçados. Há sempre algum EP ou split pelo meio, mas já lá iam mais de dez anos desde “Scenarios of Brutality.” E num estilo tão socialmente consciente como é o thrash, até serve para mostrar o quão pouco as coisas mudam no mundo. Vai estando tudo mais ou menos igual a cada novo disco dos Violator, como se o estivesse a justificar. O que se debita neste “Unholy Retribution,” e nos seus antecessores, é simplesmente a raiva acumulada nesse intervalo de tempo. Depois sai assim. Com mais naturalidade do que se quisessem apenas ser thrasheiros porque se comprometeram a isso e têm prazos a cumprir.
Sem dúvida que tem os riffs bem à velocidade e estrondo que se quer e que as outras bandas de thrash têm. Com certeza que tem as lições de Slayer, Dark Angel bem estudadas, com um manual da cena teutónica também à mão. O resto está na essência, que é por isso que cada refrão de punho erguido é tão eficaz e cada riff tem a sua personalidade. Nem só de reinvenções se fazem aprimoramentos e os Violator nunca acharam que o seu thrash precisava de alguma inovação. Impuseram-no com um murro na mesa, que se ouve bem em “Unholy Retribution.” Agora vamos, num instante, ouvir os anteriores, só para confirmar se este é mesmo o melhor até agora ou se é impressão nossa do momento.