“Onde é que está o rock? Aqui, aqui.” Muito rapidamente, logo a abrir o disco, os UHF respondem-nos a uma dúvida que não tínhamos. Nem hesitaríamos em seleccioná-los como os mais indicados para nos dizer, realmente, qual é “O Lugar do Rock,” esse bicho tão adorado e divertido que alguns mentecaptos insistem em declarar como morto.
“O Lugar do Rock” tem tudo aquilo de um disco “à antiga.” Mas em vez de ser coisa de nostalgia fácil, prefere ir pelo caminho do intemporal. Mantém-se intencionalmente breve e simples, o tal disco com dois lados distintos e não apenas uma colecção de faixas. Com a inevitabilidade de se depararem com quase cinco décadas de carreira e olhar novamente para o início: “Cascais’79” leva qualquer ouvinte para aqueles tempos e para aquele lugar, até mesmo os ouvintes que não fossem nascidos, tal é a capacidade de conquistarem novas gerações. Para essas também existem aqui re-tratamentos de clássicos ou raridades, com roupagens mais actuais mas que soem a quem fez o “À Flor da Pele.”
Qualquer apreciação que se faça a um novo disco dos UHF vai manter-se simples. Especialmente quando este “Lugar do Rock” era para ser isso mesmo. Disco para se perder pouco tempo com palavreado, que não seja o manifesto de identidade, energia, recordação, diversão e eterna juventude, sem deixarem de se comportar como veteranos – especialmente António Manuel Ribeiro, a figura central, que mantém sempre o fio condutor, mesmo quando se rodeia de sangue mais jovem. Os clássicos já estão feitos, uma novidade agora é realmente para nos indicar onde está o nosso rock. Cuja história se confunde com a dos UHF.