Para avaliarmos “Para Bellum”, o novo álbum dos Testament, vamos dividir os thrasheiros em três grupos, chamemos-lhes equipas. A primeira pode ser a dos bêbados que só sabem gritar pelos Slayer e até conhecem pouco mais. Podemos já arrumar logo com esses que não são pertinentes aqui. Há mais duas. A do thrasheiro facilmente agradado que recebe cada novidade de braços abertos, desde que os riffs estejam no sítio e com a agressividade e velocidade certas. E a do mais contido, que nem sequer é exigente para com as bandas, à espera de novidades, mas está consciente de que os clássicos estão feitos e é a eles que recorre.
Então como se apresenta este novo disco dos Testament a esses grupos? O primeiro já está no chão meio inconsciente, pronto, está sossegado, já não chateia ninguém. Mas os outros são recebidos por uma explosiva “For the Love of Pain,” com uma maior influência de death e black metal que aquilo que estamos habituados neles. Testament à moda de Testament em “Infanticide A.I.”, uma performance vocal em “Shadow People” a lembrar uns Overkill mais midtempo e até já estão baladeiros em “Meant to Be”. Quando já há guitarras gémeas quase melodeath em “High Noon”, mais uma forte influência de death metal em “Witch Hunt” e recurso ao heavy/speed mais clássico em “Nature of the Beast”, cai-nos a ficha. Então o thrasheiro a trajar-se para uma thrashada assim simples, e leva com um dos álbuns mais variados dos Testament em muito tempo!
Nem falamos aqui em genialidade, ou sequer se está aqui um retorno a clássicos como o “Practice What You Preach” ou até o “The Gathering”, retrocedendo a duas eras importantíssimas da banda. Mas há algumas surpresas, sem ter que se afastar muito de casa, que é algo que já não pediríamos a uma banda veterana como esta. Só aqui a desejar que Chuck Billy, depois de alguns períodos de dificuldade, ainda consiga uma boa performance, e que a injecção de sangue novo na bateria, através de Chris Dovas, se faça sentir de forma positiva. E fazemos “check” nisso e ainda temos muito mais. Acordem lá o bêbado quase em coma, que está aqui o melhor álbum dos Testament em algum tempo e dá para as equipas todas.