Suicide Silence

Become the Hunter
2020 | Nuclear Blast | Deathcore

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Anos difíceis, estes últimos para os Suicide Silence. Um miserável disco de experimentalismos toscos que foi o anterior auto-intitulado, a provar que nem toda a publicidade é boa publicidade, e valendo-lhe as piores vendas já registadas no seu catálogo, tornou-os uma piada. “Become the Hunter” vem para ser o álbum do pedido de desculpas. E da sobrecompensação.

Brincar aos Korn e aos Deftones já não é tão giro e tem que ficar bem claro que é para o deathcore de antigamente que os Suicide Silence vêm com este novo álbum, como os breakdowns da introdução “Meltdown” e o arranque de “Two Steps” nos vêm dizer logo. De lado ficam as tentativas de cantar de Eddie Hermida e está aqui a sua performance mais furiosa e voraz que os fãs dos All Shall Perish sempre insistiram que ele era capaz de fazer. É aquele retorno obrigatório às raízes que eles não pareciam ter outra opção. Quão forçado é? A falta de malhas verdadeiramente palpáveis revela que talvez seja um retorno azedo e frustrado. Volta a pujança do deathcore, uma enxurrada de riffs chug, músicas que passam a correr e os Suicide Silence, outrora das mais aclamadas e excitantes bandas do malogrado deathcore, conseguiram recuperar o gás suficiente para serem uma banda de deathcore genérica.

Devolvem o peso aos fãs que ainda gozam com o disco anterior mas dão-lhes meramente um álbum “melhor que um murro nas costas.” Não se pode dizer que não tenha o seu impacto inicial, ao trazer todo aquele peso na berraria e nos breakdowns, mas perde-se com o tempo. E ainda há canções de destacar como “Skin Tight” que começa de forma atmosférica e irrompe logo para o slam, provando que experimentalismos não são o pecado. E até podem ter sido sempre marcados pelos riffs simples, especialmente no aclamado “The Black Crown,” mas há aqui alguns que podiam ser dos Emmure e isso não é propriamente um elogio. Todos os elogios à performance vocal de Hermida neste registo, mas começa a sentir-se mesmo a falta do carisma irrecuperável de Mitch Lucker numa banda que vai perdendo a sua identidade, quer numa mudança radical estilística estapafúrdia, como neste “regresso às raízes” que os tornou apenas genéricos e aborrecidos. É muito melhor que o álbum anterior, isso é, mas quanto vale essa referência?

Músicas em destaque:

Death’s Anxiety, Skin Tight, Disaster Valley

És capaz de gostar também de:

Whitechapel, Emmure, Oceano


sobre o autor

Christopher Monteiro

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