Dezassete álbuns, mais de quarenta anos, e um bom conjunto de clássicos depois, se quisermos ser mesmo muito tinhosos e achar que os Sodom ainda têm alguma coisa a provar, será a de que a idade ainda não começa a pesar quando o que tocam é thrash tão furioso e com tanta pedalada. Parece que vinham com intenções de incendiar, quando intitularam o novo disco de “The Arsonist.

Novidades? Nem por isso. Lições de thrash teutónico que rebentou umas quantas escalas de qualquer coisa há umas décadas atrás? Disso há a rodos. Sem surpresas. O segredo também é esse. Depois de uma introdução questionável e de pouca utilidade, entra “Battle of Harvest Moon” a atacar, cortar e a fazer esguichar sangue por todo o lado com os riffs e já sabemos que estamos no sítio certo. “Trigger Discipline,” que se segue, pode ser a que está mais a jeito para recorrer à referência Slayer, se os Sodom também já não tivessem a própria. A voz de Angelripper continua a ser um destaque e um grande factor de personalidade em música que se requer simples mas intensa. Assim se mantém de princípio ao fim e, quando a velocidade abranda, é só para aleijar mais.

Trata-se simplesmente de saber evitar, com quanta inteligência possível e necessária, truques novos, enquanto souberem executar os velhos tão bem. Truques que aproximam este “The Arsonist” de clássicos, mesmo que não lhes tome o lugar ou chegue sequer a roçar ombros – e com um som actual que o deixe mais próximo de clássicos modernos como o “M-16” do que de clássicos “velhos” como o “Agent Orange.” De resto, destaques para tributos ao seu antigo baterista Witchhunter, na faixa com esse mesmo nome, – e a mais old school punky thrash que aqui anda – e a Algy Ward dos Tank em “A.W.T.F.” Ambos já desaparecidos e a lembrar que, apesar de não o demonstrarem na execução da sua música, a passagem do tempo é tramada. Não vem inovar mas é um disco de thrash exemplar e já é aconselhável uma certa vigilância sobre este “The Arsonist” ainda capaz de criar muito fogo.


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