Para este “Hideous Aftermath”, os Sanguisugabogg encontram-se naquela posição delicada de ter muito hype e reconhecimento sobre eles, que pode começar a atrapalhar. Se já é um sacrilégio que uma banda que faça música da mais bruta tenha um nome já tão grande e esteja na Century Media, teme-se que isso comece também a influenciar e a polir as coisas. Mesmo sem verificar essa ocorrência, alguns já descartam logo. Mas há outra missão para este álbum. Pode ser a porta de entrada para muitos.
Serão esses que realmente poderão ficar surpreendidos com o que aqui se passa, já que os Sanguisugabogg são intensos e fazem tudo muito bem, mas não inovam propriamente alguma coisa. Se vos espanta o som do snare da bateria, é porque são novos nisto e sejam bem-vindos. Se o recurso a breakdowns básicos também causa alguma estranheza… Também é possível que sejam novatos, mesmo que já existam veteranos a torcer o nariz. Esses novatos também têm já aqui o acesso a outras coisas mais brutas, através do desfilar de convidados de luxo: Todd Jones dos Nails, e bandas como Defeated Sanity, Cattle Decapitation e Full of Hell encontram-se por aqui. Estes dois últimos, os que verdadeiramente injectam mais a sua influência, ou com a garganta demoníaca inconfundível de Travis Ryan, ou com a faixa final a parar antes de dar espaço a uma sessão de ruído mais lento e arastado, ao que Dylan Walker e os Full of Hell já nos habituaram.
Um álbum exibicionista, a mostrar que tem muitos amigos já grandes e famosos? Ou, em vez disso, um álbum estratégico, realmente com intenções de abrir caminhos para a música mais brutal, para novos ouvintes? Se calhar é um pouco disso tudo e mais qualquer coisa. É, acima de tudo, um disco maduro. Mantém a essência de como uma “brutalhada” destas deve soar sem se comprometer ou deixar-se enxotar para outros estilos – há aqui um olhar de esguelha para os Escuela Grind, sim. Só se pedia um pouquinho mais de riffs memoráveis e um foco na concisão, já que podia ser um registo mais curto e directo. Mas continua o caminho dos Sanguisugabogg a tornar o “brutal death metal” cool, independentemente da gravidade de tal pecado.