Já está bastante fresquinho. O Outono até pode custar a engatar mas, num pestanejar, salta logo para o Inverno e lá vamos nós à procura de qualquer coisa para acompanhar a bebida quente a gosto. Nem sempre vai ser lá muito alegre. Então quem esperou pela altura certa para colocar um novo disco cá fora foi a bastante profícua “one-man band” Nordicwinter, com o bastante apropriado título “Solitude”.
O estilo de “Solitude” é o mesmo que Evillair tem apresentado sempre, com Nordicwinter, desde que os fundou já há quase duas décadas. Pouquíssimo se desvia do black metal no estado mais atmosférico, deixando tudo dissolver-se em riffs lentos, melódicos, a proporcionar um ambiente pesado. De natureza depressiva, sem ir logo parar àqueles confins mais tresloucados do tal “DSBM”, sempre ali à procura de um balanço entre a beleza e desconforto da melancolia. Portanto “Solitude” ainda soa familiar e uma espera de dois anos por ele (que, para os parâmetros de Nordicwinter, até foi uma espera muito longa) proporciona um distanciamento que ajuda o disco a funcionar ainda melhor. Como se nos sentíssemos realmente isolados. Perdidos naquela enregelada zona florestal retratada na capa, outro factor também sempre apelativo em Nordicwinter. E começamos a entrar por essa floresta dentro. Cada vez mais densa. Cada vez mais escura, mais fria. E ficamos cada vez mais isolados.
Os sempre arrepiantes gritos assemelham-se ao desespero de alguém que pode realmente estar perdido no meio daquela floresta, até pela forma como ecoam, ou então a ponderar fazer alguma calamidade à vida, como também é costume neste estilo. Com esses hábitos desenvolve cinco faixas longas, de construção lenta, de espera por uma manhã que demora a vir. Volta a fazer algo que, com muita concorrência, ainda poucos o fazem tão bem como os Nordicwinter: pegar no desespero e torná-lo tão belo, da habitual forma bizarra. E, para não acharem que é tudo brincadeira e isto é black metal atmosférico vazio, sem alma, pintado por números e a seguir as instruções ao lado, ainda há uma curta sexta faixa instrumental que nos confirma que é mesmo para ficarmos deprimidos. O que vale é que a música dá tanto gosto. Siga para a mata mas agasalhem-se!

