Nightwish

Yesterwynde
2024 | Nuclear Blast | Metal sinfónico

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Tempo e memórias, um passado que já não vai além das nossas memórias e de partículas atómicas espalhadas pelo universo à qual também nós próprios nos juntaremos eventualmente. É essa a descrição assim meio parafraseada que se pode dar a “Yesterwynde,” termo inventado para intitular este álbum, que Tuomas Holopainen descreve como positivo e esperançoso. Definição bonita, sim. Mas já se que fala em passado, não dá mesmo para evitar: os Nightwish têm mesmo uma história do caraças, não têm?

A divisão de equipas para cada vocalista, egos e saídas marcantes possivelmente motivadas por esses mesmos egos. Quase ofusca a grandeza dos Nightwish, o facto de ter uma discografia fantástica com três estupendas vocalistas e, agora na fase em que a relevância se calhar até já nem é bem o que era, são capazes de ter a melhor. Se calhar é tudo cedência à pressão de serem os maiores desta brincadeira do metal sinfónico. Que vem nadinha contido em “Yestwerwynde,” é tão over-the-top quanto queremos sempre. Reconheçamos a romântica frustração de Tuomas Holopainen por nunca ter musicado um filme. Mas ele faz as coisas por si: musicou a “Saga do Tio Patinhas” de Don Rosa para um disco seu, sem necessitar de adaptação cinematográfica da famosa banda desenhada, – e aí também lhe damos razão, que dava perfeitamente para uns quantos filmes – e em “Imaginaerum” fez o álbum e depois fez ele o filme para ele. Desenrasca-se. O resto faz-se na nossa cabeça se ele fizer as coisas como é habitual: arranjemos lá filme para “Yesterwynde” que esta malta Finlandesa não se está a travar. Pelo contrário, no seu mais puro Nightwish, estão a entusiasmar-nos mais do que em recentes tempos.

É um estilo difícil de conter. E os Nightwish meio que nos vendem a ideia de que, mesmo assim, pode ser um meio pequeno para eles. É perigoso e pode engolir-se a si próprio. Como nos dois anteriores discos que se perdiam em composições demasiado longas, ou a fechar o disco ou a precisar de todo um outro disco para caber e, no final, não ficavam suficientes memórias. E outro bem deles é que a malta também adorava ficar a cantar um bom refrão. “Yesterwynde” é mais balançado. Muito épico longo, mas que resulta, e mais pensado. E mais nostálgico, a tal ideia cósmica do passado não pode vir por acaso. Atente-se aquele single “Perfume of the Timeless” e a forma como Floor canta. Conseguimos ouvir qualquer uma das anteriores a fazê-lo também. Até o Sr. Hietala tinha ali uns versitos para ele. “Sway” pode ser a “The Islander” cá do sítio e “Something Whispered Follow Me” é do mais “Dark Passion Play” que aqui têm. Por vezes evolução também requer inteligentes passos atrás e para os Nightwish mostraram-se necessários. Com performances indiscutíveis – nem vale a pena dizer que Floor Jansen continua no ponto, Emppu Vuorinen lá vai fazendo por acrescentar peso à sinfonia desenfreada, mesmo que o seu virtuosismo ainda esteja reduzido, e o multi-instrumentista Troy Donockley, que até se atreve a cantar mais, vai justificando o seu crescente protagonismo na banda. Um álbum de conceito nostálgico e que assim funciona, lembrando-nos as antigas encarnações dos Nightwish e a “arriscar-se” a ser o melhor desde o “Imaginaerum” ou até desde o “Dark Passion Play.” E como toda a banda se reúne, não dá para deixar de pensar que um dia… Um dia…

Músicas em destaque:

An Ocean of Strange Islands, The Day of…, Perfume of the Timeless

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Epica, After Forever, Tarja


sobre o autor

Christopher Monteiro

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