Ministry

Moral Hygiene
2021 | Nuclear Blast | Metal industrial

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A história está escrita. Já ninguém tira de lá os Ministry, independentemente de quantos álbuns desinspirados o velho Al Jourgensen já tenha posto cá fora. Tem clássicos suficientes para os desculpar, até mesmo ao último “AmeriKKKant” e o seu regresso da língua afiada na crítica política a dar num resultado pobre, em que ouvíamos demasiado o Trump, quando, por norma, gostamos todos tanto dele como o Al. A considerar que já não há nada a provar para uma das maiores instituições do metal industrial e com o exercício de manter a expectativa baixa, já há uma recepção mais morna para o novo “Moral Hygiene.

Que além de falar do óbvio, – ao menos temos preces a dar ao Jourgensen por não amolecer quando já é um sexagenário – também soa ao óbvio. É na inspiração que há faltas. Com uma abertura tão desorientadora como “Alert Level” que nos leva bem mais depressa ao imaginário freak do Rob Zombie do que aos Ministry, o restante disco desfila ao longo de altos e baixos. Há canções curiosas como “Broken System” ou a cover de “Search and Destroy” dos Stooges, há injecção de fúria punk em “Sabotage Is Sex” – e aí envie-se um cestinho de fruta ao Jello Biafra pela ajuda – e até há faixas como a orelhuda “Believe Me” e a pesadona e veloz “TV Song #6” que até são capazes de ser das coisas mais Ministry em anos. Pelo meio também há a previsibilidade – ora adivinhem lá do que fala o tema “Disinformation” e quais as palavras-chave mais ouvidas, em sample, ao longo de todo o tema – e a insistência em aborrecer-nos com mais samples – quantas vezes mais teremos que ouvir o psicopata do Pastor Kenneth Copeland a “soprar o vento de Deus” para eliminar a COVID-19? Não favorece um alinhamento com demasiadas faixas pouco memoráveis.

Há coisas a aproveitar-se em “Moral Hygiene” mas a carreira que conhecemos dos Ministry tem demasiados clássicos incontornáveis para nos contentarmos assim tanto com algo do qual “até se aproveita qualquer coisinha.” Com distintas fases a destacar – nem vamos descartar a primeira, do infame disco de estreia de synthpop, que até é melhorzinho que o que ele próprio vende! – e até com a obsessão política da trilogia anti-Bush a render discos fantásticos, não é muito recompensador olhar para a sua fase recente como “a muito fraca.” “Moral Hygiene” até é significativamente melhor que “AmeriKKKant” e também supera os outros dois discos pós-reunião. Só que isso não é lá grande referência.

Músicas em destaque:

Sabotage Is Sex, Believe Me, TV Song #6

És capaz de gostar também de:

Rob Zombie, Lard, Fear Factory


sobre o autor

Christopher Monteiro

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