Melvins

Thunderball
2025 | Ipecac Recordings | Noise rock, Sludge metal, Stoner rock, Experimental

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E sai o álbum número catrafada na discografia dos Melvins que, no geral, já vai nos para-aí-ou-mais registos. É o melhor acompanhamento que podemos fazer do trabalho dos sempre presentes Melvins. É necessário um certo grau de dedicação do fã para andar a par de tudo o que já tenha saído, e um questionável grau de acérrimo para gostar de tudo o que já tenham feito. Até o próprio Buzz Osborne deve sentir que falhou na sua missão, se for esse o caso.

Thunderball” até é capaz de passar despercebido no meio da vasta discografia. Não só por ser assim tão vasta. Após várias audições, reconhecem-se todos os valores das imensas coisas que fazem dos Melvins os Melvins, mas não chega a agarrar tanto como outros. “Thunderball” funciona como uma compilação de várias coisas que o conjunto de Buzz Osborne é conhecido por fazer. Como são precursores de tudo o que associemos a grunge, sludge ou stoner, esperamos peso. E “King of Rome” entra com barulho, um riff brutamontes a mandar. Óptimo. Mas vai mudando sempre de rumo, o que nunca é mau. Cada canção terá a sua identidade. Como se alguém ainda achasse que pudesse existir alguma espécie de homogeneidade na música dos Melvins.

Há um rock mais lento e muito arrastado em “Short Hair with a Wig,” algo mais solarengo, com peso e atitude, quase à Therapy?, no início de “Victory of the Pyramids,” um retorno ao noise rock dos 90s em “Venus Blood,” também em mais lento, e absolutamente nada em “Vomit of Clarity,” já que é um muito minimalista interlúdio ou introdução. É, até isso cabe. São boas malhas, algumas delas enriquecedoras do repertório dos Melvins, como a pesadona “King of Rome” ou “Victory of the Pyramids,” em especial. Mas nunca se permite ganhar coesão como um disco propriamente dito e chega a parecer que cada uma destas faixas é uma sobra de uma sessão de um disco anterior diferente. Claro que eles estão sempre importadíssimos com esse tipo de apreciação – e, felizmente, ouve-se sempre essa atitude – e em nada isso os prejudicará. Mas lá está, a discografia muito vasta e também já muito rica. “Thunderball” tem malhas para o momento mas pouco mais para se destacar no meio de tudo.

Músicas em destaque:

King of Rome, Short Hair with a Wig, Victory of the Pyramids

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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