Marduk

Memento Mori
2023 | Century Media Records | Black metal

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Decepcionante quando se fazem décadas de carreira através de exemplar raiva sonora e, com o tempo, tal intensidade se esbate e sobra mesmo só um passado a tentar ser recriado e, sendo o caso, algum shock value exterior. Porque é que esse mesmo cinismo já vem connosco quando partimos para a escuta de “Memento Mori,” nova proposta dos Marduk? Porque já andava a acontecer e mal ficam foscas memórias do insosso “Viktoria.”

Podia oficializar o abrandamento dos Marduk, um doloroso meio-termo, um conformismo de que alguma novidade dos Suecos é ouvida para “cumprir calendário” e lá regressamos nós ao “Panzer Division Marduk” ou a outras bandas que até andem a fazer bem isto do black metal centrado em guerra – diz que o novo dos Endstille anda aí a rachar chão já. É uma boa atitude para se ter à primeira rodagem de “Memento Mori.” A murraça imediata da faixa-título até aleija mais assim e tudo. E não volta a abrandar. Ficamos tão surpreendidos com a dura e gelada descarga de raiva, qual saraivada de ódio, que até vamos ouvir uma segunda vez para ter a certeza de que não foi uma ilusão. É que parecia mesmo que este “Memento Mori” era o melhor álbum dos Marduk desde o “Wormwood.”

E a segunda rodagem, terceira, todas daí em diante dão o requerido gosto e sádico prazer para o confirmar. O escárnio do início assim se mantém até ao fim – por acaso já se mencionou aqui o “Wormwood,” que até usufruiu muito do peso de canções lentas, mas por aqui nem há disso – e as tais audições repetidas confirmam-nos que não há fillers. Os controlados abrandamentos têm efeito, como em “Shovel Beats Sceptre,” traços melódicos que remontem a um metal mais de raíz só elevam uma faixa como “Coffin Carol” para outro panorama apocalíptico. Os escarrares de ódio de Mortuus são desenfreados e ameaçadores logo na faixa-título e em “Heart of the Funeral” e riffs como os de “Blood of the Funeral” ou “Year of the Maggot” até sangram. Uma raiva que andava a faltar aos Marduk e uma coesa e abundante quantidade de malhas para fazer esquecer o mais automático “Viktoria,” que já nem era assim tão memorável por si. “Memento Mori” é e quem for mais sensível que se arrume.

Músicas em destaque:

Heart of the Funeral, Blood of the Funeral, Shovel Beats Sceptre

És capaz de gostar também de:

Watain, Mayhem, Dark Funeral


sobre o autor

Christopher Monteiro

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