Poucas bandas terão tido um percurso com mutações tão significativas como os Katatonia. E que, apesar das diferenças e de, mesmo assim, existirem saudosistas e alguma divisão de equipas, sente-se bem que é a mesma banda. Mesmo com a divisão por duas fases. E mesmo com a mudança de logo. E de voz. “Nightmares as Extensions of the Waking State” talvez já não traga realmente alguma extensão de alguma coisa – referência ao título – e parece que os Suecos encontraram conforto nesta faceta.

Thrice” abre o disco a indicar-nos isso mesmo. Pouco muda por aqui. Segue-se uma sequência de canções atmosféricas, melódicas, extremamente melancólicas, que são meio góticas e meio progressivas sem ser totalmente uma coisa ou a outra. Não se encontra aqui uma única coisa má. Mas também não se encontram surpresas e fica difícil a distinção dos anteriores, especialmente para uma banda profícua que edita com assiduidade. Os riscos: causar a apatia ao longo de todo o disco e erguer sobrancelhas cépticas quando realmente brincam com experiências. Claro que falamos da “Efter Solen,” escapatória electrónica para uma espécie de trip hop venenoso. Que também não é algo exclusivo, pelo menos uma faixa experimental por disco costumam ter.

Percorrendo a recepção de fãs de variados graus e analisando reacções internautas por esse espaço fora, é dessa faixa que se fala, do seu posicionamento no alinhamento, – aqui o escriba também está de acordo que funcionaria melhor a fechar – da graça que tem ouvir Jonas Renkse cantar “Sing, hail, praise Satan” com aquela sua voz. E o comentário mais constante: o quão “mais do mesmo” é este “Nightmares.” Assim soa mais depreciativo, e acaba por lhe tirar muitos méritos que ainda tem, mas realmente dá para aceitar que a época de surpresas dos Katatonia já fechou definitivamente há muito tempo. Fica um peso melancólico e atmosférico, familiar ali desde o “Dead End Kings,” com melodias interessantes e umas quantas parentes da “My Twin” para dar gosto ao ouvido. Comfort food, se não for um sacrilégio tão grande chamar-lhe isso. Com todas as advertências que isso possa carregar.


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