A tarefa ingrata de ter que introduzir algo sobre uma banda lendária, notando que podia ser mais lendária ainda. Não que falte algum mérito próprio aos Helstar, muito pelo contrário, mas fazem parte do lote de bandas que talvez ainda sejam subvalorizadas dentro do seu espectro estilístico, mesmo após décadas de carreira. Mesmo que tenham discos altamente influenciais na cena do “US power metal.”
E “The Devil’s Masquerade,” sucessor de “Vampiro,” que já data de 2016, traz boas notícias: estão mesmo a olhar para o seu catálogo antigo como referência e para nos dizer que ainda têm essa mesma genica. O certo é que podemos estar muito mal habituados com o termo “power metal” que já meio nos desassociámos do peso que pode ter, especialmente a secção Americana, bastante distinta e mais crua e afiada que a Europeia. Mesmo assim, podemos considerar os Helstar dos mais thrasheiros entre todos da sua onda e é a reconhecer isso que conseguem a intensidade que se sente em “The Devil’s Masquerade” e que ajudou a que a sua sonoridade envelhecesse tão bem num disco mais modernizado como “Glory of Chaos,” que já conta os seus quinze anos.
“The Devil’s Masquerade” tem uma missão parecida com a desse e de outros antecessores. Com o registo vocal de James Rivera que, mesmo não sendo o mesmo de há quatro décadas atrás, fossemos nós pedir o semelhante, ainda está impressionante, e riffs com velocidade que realmente não devem ao thrash mas que têm um sangue tradicional de Accept e outros que tal, os Helstar não querem que pensemos que a idade os está a amolecer. Malévolos como uns Candlemass mais rápidos e endiabrados, – não esquecer a relação de proximidade entre o US power metal e o doom – ameaçadores como uns Mercyful Fate, por vezes quase tão épicos como os congéneres Manilla Road. É assim que os queremos, mesmo que às primeira audições pareça um registo pintado por números. A personalidade chega ao cimo e fica um disco de power metal de quando esse termo envolvia peso, e mais thrasheiro que muito thrash que anda aí agora.