O cheiro pútrido já anda no ar. Mas este é diferente pela forma como nos dá vontade de abanar a cabeça em vez de causar o mais natural asco. É porque algum peso pesado do grind anda por aí. Confirma-se. O underground mais banhado em carnificina por nossas terras acaba de ser agitado com a chegada de “Sphere of Atrocities,” destes nossos titãs de tão ruidoso e medonho género, os Grog.
Para ver se dá para recuperar das mossas, para as pisaduras sararem, continuam a manter os seus discos espaçados. Isso, ou mandam outro monstro cá para fora, só quando têm a certeza que tem a intensidade toda no sítio para causar os estragos que deve. Mesmo assim dá para exclamarmos, realmente, um “It’s about time!” antes de começar a descarga e verificarmos se temos pescoço para acompanhar este frenesim todo. E podiam só vir para aqui falar de carnificina e violência da dark web, à moda de muitos congéneres pelo mundo fora, mas preferem um lado mais profundo, mais místico, mais filosófico. Mais do que a violência, um mergulho pela natureza humana que a causa. Há crueldade nisso. Podia ser só brutalidade por si, mas não, ainda nos fazem pensar um bocadinho.
“Sphere of Atrocities” é mais um grande registo, cuja brutalidade distinguir-se-á dos seus antecessores apenas por pormenores e pela “cara” que cada um acaba por apresentar. A marca é inconfundivelmente Grog, sem travões, com riffs demoníacos – em todos os temas, mas com passagens especialmente mutantes, por exemplo, na “Reproductive Extinction” – e com a voz de Pedro Pedra a fazer-nos recordar os anteriores, não só pelo gosto, mas também para ter a certeza que ele foi sempre assim e que esta não é logo a sua exibição mais monstruosa. Felizmente, temos uns monstros bem assustadores no campo do death/grind por cá e os Grog são dos principais heróis, a posar sobre um monte de corpos mutilados. A trabalhar ao seu ritmo e com uma notável falta de pontos fracos na discografia.