Através daquilo que pode ser a personificação dos nossos medos, com a narrativa que decorre por este disco, acabam por nos apaziguar um: os Glasya não vão a lado nenhum e estão cá para ficar. Enquanto “Attarghan” ainda ecoava, “Fear” chegou para marcar um amadurecimento e um anúncio de que o estilo que praticam desfruta de uma renovada frescura.

A modernização da sonoridade sem ficar estéril, a ambição de um longo disco conceptual sem se engolir a si próprio, um apuramento das melodias sem comprometer o peso. Tudo desafios que os Glasya superaram em “Fear” fazendo tudo parecer fácil e, passemos a uma semi-pun, sem medos. O metal sinfónico encontrou nesta banda lisboeta um representante. Podia pecar por tardio, mas não ouvimos disso aqui. Podia pecar por fazer lembrar outros actos, mas tem a sua personalidade. Sim, podemos falar de coisas que nos façam lembrar os Nightwish. Mas comparações são feitas num bom sentido, vários elementos, melódicos e não só, podem remontar ao melhor dos Finlandeses – e a voz do Michele Guaitoli, dos Visions of Atlantis, que anda por aqui na “Glimpse of Memory”, sempre fez lembrar um pouco a do Sr. Hietala, por vezes, não fez?

Os convidados de luxo, como o já mencionado Guaitoli, ou Fernando Ribeiro, que dispensa apresentações, não são muletas nas quais os Glasya se suportam. São extras. Essenciais para dar vida a personagens da narrativa. A narrativa é uma camada, importante que seja, mas com canções a funcionar muito bem por si. E as comparações que não conseguimos evitar também são apenas algo que está à mão, que pode dar jeito a recomendar ao mais distraído que possa não ter prestado ainda atenção suficiente aos Glasya. Mas “Fear” já se segura muito bem sem “ajudas”, vem com intenções de se destacar, traz as melodias cativantes, orquestrações engrandecedoras e grooves pesados para o fazer. E ainda se dão ao luxo de fechar com uma emocional chave-de-ouro em “No Teu Abrigo” e deixar o maior destaque para o final.


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