Nostalgia bate, até pelos tempos em que o folk metal, tanto o mais faroleiro, como o mais épico, estavam na berra. Ainda não dá para um revivalismo, mas dá para continuar a ter os grandes, os representantes do género, os sobreviventes, no radar. Os Eluveitie já atravessaram muitos obstáculos antes de “Ànv.” A passagem da moda, as profundas mudanças de formação. Cá andam e não se acanham na hora de um novo disco.

Um álbum misto. É o que se pode retirar de “Ànv,” que ainda tem a chance de crescimento após mais audições, mas é o que se retira e talvez seja o quanto se possa pedir dos Suiços nesta fase da carreira, que podia estar bem mais complicada ainda. Os primeiros temas surpreendem-nos com uma pequena viragem de trajecto. Parece que, em vez do caminho do folk, seguimos pelo mais sinfónico. Não é algo de tão radical como fizeram os Ensiferum, mas sente-se a diferença. O folk volta, os instrumentos tradicionais também – abençoada sanfona, muito bem entregue à estreante Lea-Sophie Fischer – e lá se aproxima do tradicional de Eluveitie. Talvez tudo para evitar cansaço. Pode ser ouvido como variedade, ou como inconsistência.

Assentando-se também no death metal melódico, também foi acontecendo a modernização da sua sonoridade que acaba por se americanizar – o percurso dos In Flames, sim – e faz com que “Ànv” soe muito polido e bem mais afastado dos tempos do glorioso “Slania.” Mas como já foi aqui classificado como um álbum misto, não podemos só olhar a essa parte, quando ainda existe um óptimo trabalho nas melodias, sem comprometer o peso, throwbacks com precisão aos seus tempos antigos, uma variedade de quem procura fintar a estagnação, e um óptimo desempenho vocal e protagonismo de Fabienne Erni, sem deixar espaço para saudades de Anna Murphy. O futuro ditará muito sobre este “Ànv,” se abrir uma nova era de revivalismo, que não seja para o folk metal, pelo menos para os Eluveitie.


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