De Leiria chega uma nova banda, que já vai somando boas reacções e conquistando palcos, com vontade de se estabeceler no underground pesado nacional, trocando-nos sempre um pouco as voltas quanto ao posicionamento, se é no campo melódico, se é no mais extremo ou se é um redondo “sim” para ambos. São os Eden’s Apple e certamente veremos a falar mais de “Primordial Roots,” álbum de estreia, e os seus futuros sucessores.

Apesar de não se ouvir uma roda aqui a ser inventada, há uma saudável mistura – e não mixórdia – de diferentes influências numa coisa que, à primeira “vista,” até é simples. Podiam ser apenas uma banda de metal mais alternativo e moderno que, com uma perna no progressivo e com a voz feminina, até podia preencher uma vaga deixada pelos já saudosos 11th Dimension. Soam, realmente, às vossas bandas de metal sinfónico favoritas, admitidas influências, mas sem ter realmente a parte sinfónica. Uma banda de thrash muito melódica, ou melodeath feito com voz limpa. Coisas que nos permitem fazer estas brincadeiras de fusões estilísticas.

O desafio estava em fazer isso sem parecerem pretensiosos ou sem apresentar apenas uma manta de retalhos e chamar-lhes canções. Para além de haver alma q.b., é tudo feito com todo o cuidado para que sejam realmente temas coesos e uma experiência acessível. Com um notório destaque à voz de Marina Silva e até à estrutura do álbum que, mesmo com canções individuais de identidade própria, apresenta-se como um todo: meio que há uma transição a partir de “Viper’s Dance” para um território mais escuro, a recorrer a mais peso e até a um registo vocal mais extremo. Um disco com espaço para crescer a cada audição, vindo de uma banda mesmo muito jovem. Em “Primordial Roots” até se pode sentir uma procura pela identidade mais definitiva, mas também ficam as certezas de que não terão problemas em consegui-la rapidamente.


Partilha com os teus amigos