Felizmente, sempre houve excelente representação feminina no metal, mesmo que insuficiente por muito tempo e a passar ao lado de muitos. Já na década de 80 existiam muitas senhoras ao leme. Mas talvez nem todas fossem tão notórias e o peso de estádio melódico daqueles tempos pode dizer-se que tenha duas vozes: Doro Pesch e Lita Ford. A Americana era mais voltada para o lado glam da coisa, enquanto aqui esta Alemã é que preferia as coisas mais verdadeiramente metalizadas e tornou-se uma rainha de todo este “hard ‘n’ heavy.” Uma verdadeira “Conqueress” que será sempre “Strong and Proud.” Título biográfico. Mais um.

No geral, é mesmo mais um. A influência já foi deixada com os Warlock e com os primeiros discos a solo, desde então Doro celebra-se a si mesma e aos seus fãs, com quem ela já afirmou ter “casado,” preferindo esta dedicação a ter a sua própria família – e lá nos volta a dedicar uma “All for You.” Que seja tudo muito semelhante, o que impressionará num novo disco é o facto de Doro já estar prestes a completar os 60 anos e continuar com a mesma pica, com uma voz tão reconhecível, como há três ou quatro décadas atrás quando se começou a fazer notar e a destacar. Continua impecável e bem acompanhada para ainda criar tanta malha, mesmo que um dos principais pecados de “Conqueress – Forever Strong and Proud” seja o excesso, com uma duração e alinhamento demasiado longos.

Heavy metal rápido e de hino e hard rock baladeiro de encher um estádio de isqueiros – malta à antiga, sim – permitem malhas como “Children of the Dawn,” “All for You,” “I Will Prevail,” Heavenly Creatures,” ou o seu direito a também ficar um pouquinho glam como “Lean Mean Rock Machine,” entre outros destaques, por entre outras canções mais esquecíveis. Tudo familiar. A colaboração com Sammy Amara dos Broilers pode ser surpreendente mas é ofuscada pelos dois duetos com o bem mais provável mas gigante Rob Halford – para “Living After Midnight” dos seus próprios Judas Priest e uma “Total Eclipse of the Heart,” que temos que verificar para ter a certeza que este foi o seu primeiro tratamento metálico, tão propício a isso é esse clássico de Bonnie Tyler. Mas afinal de contas, a música de Doro acaba por ser aquela comida de conforto para o fã mais old school de heavy metal e Doro volta a cumprir, com demonstrações de ainda ser a maior. Mantém-se “forever strong and proud” e com razões para isso.