O heavy, na sua forma mais tradicional, começa a ficar cada vez mais habitado cá pelas nossas terras e ainda bem. Os Dolmen Gate não nos quiseram deixar muito tempo à espera, depois da estreia, e já têm um “Echoes of Ancient Tales” logo com duas coisas a apontar: já não soam apenas a uma banda recente e, de maneira nenhuma, parece que está aqui um disco apressado.

Claro que segue a mesma linha, o já aqui elogiado heavy no seu estado mais “antiquado”, o da velha-guarda. A fórmula não era para mudar, era para olhar ao que estava bem feito e ver o que dava para aperfeiçoar ainda mais. “Épico” continua a ser a palavra certa, com capacidade para evitar a bem menos lisonjeadora “over-the-top”. Mistura um pouco as referências geográficas, nunca assentam totalmente na New Wave of British Heavy Metal, atravessam o oceano para uma visita ao US Power metal, também não se desviam de uma passagem pelo doom. Tem um pouco da irreverência de um, do músculo do outro, e de uma atmosfera guerreira e heróica ainda do outro. Tudo entoado pela voz de Ana, que continua impecável.

Começa com uma peça que coloca logo tudo na mesa e nos sugere o uso de um palavrão como “progressivo” para o descrever, mesmo que não se deixe dominar por alguns dos seus maiores tiques. De imediato, têm um dos grandes destaques de todo o disco e está feita a apresentação do que vamos ter. As referências podem estar na manga, de Manilla Road a Judas Priest, de Candlemass a Angel Witch, e até mesmo Manowar, mas são muito bem tratadas e as malhas seguintes têm personalidade. Também quando abrandam para algo mais midtempo, quase embalador, mas crescente de “The Prophecy”. Coisas à Iron Maiden, sim, mas não há como avançar o maior e principal manual. A identidade continua a não estar em causa e em “We Are the Storm” fecha-se com algo que também pode vir a ser dos seus fortes: um refrão contagioso. Muitos mais pontos fortes terão. Para já, não são de nos deixar à espera, e a este ritmo será um crescimento impressionante. Sabe muito bem ver o heavy metal mais tradicional a ter revivalismos, de várias formas e feitios, pelo mundo fora. E sabe ainda melhor ver que até nem precisamos de sair daqui.


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