Ao terceiro disco, os Desert Smoke já não serão um segredo guardado aí pelo meio de poeiras do nosso Sul, mas ainda assim atrevem-se a auto-intitular o mais recente disco, como quem ainda se está a apresentar. Ou então é a dizer que estas quatro faixas são a coisa mais Desert Smoke que poderiam editar e se calhar até pretendem que este seja mesmo o derradeiro cartão de visita para a banda.

Vamos então supor que ainda não conhecem este quarteto e a sua obra e têm que julgar o livro pela capa, primeiro. O nome. As palavras “Desert” e “Smoke” são de uma semântica assim tão vaga e misteriosa que não denuncie logo o que tocam? E a parte visual da capa? Por acaso, aí sempre foram mais variados e deixam que haja algum mistério na sua estética. Mas quem ainda não assumiu logo que isto se trata de psicadelia, riffaços de stoner e longas jams cheias de fuzz e até tiver um especial apreço por isso, deixem lá tocar o riff de “Fuzzy Txitxu” e aqueles solos bem “pedalados” que já estão consolados. Não resta qualquer dúvida sobre a categoria e a qualidade do stoner psicadélico praticado por estes Lisboetas.

Essa faixa de abertura opta por uma abordagem mais directa, mais orientada pelo riff, antes de passar para “Gravity Absence,” que leva o seu tempo a construir-se antes de chegar a essa parte. Acaba por ser transitória para a mais progressiva e atmosférica, quase Pink-FloydescaBlind Watcher,” faixa mais longa do alinhamento, antes de concluir nessa toada mais ambiental e progressiva em “49th Steam Box.” Ou seja, a viagem é só uma, não é uma estrada muito longa, – o disco não se estica muito na sua duração – mas dá para ir mudando de ares e de clima. Bem no meio do deserto fumarento. Só mais uma referência ao nome, já que os Desert Smoke querem avançar aquela parte em que decidimos se eles são mais recomendáveis para fãs de Kyuss ou de Karma to Burn, se fãs de Hawkwind também são bem-vindos aqui, ou se por acaso procurarão ser os Earthless portugueses. É Desert Smoke, trazem muitos riffs, muito fuzz e umas malhas do caraças. E chega assim.


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