Uma presença assídua, a dos Cult of Luna em qualquer espaço que se preze de falar de música pesada e alternativa. Tanto pela regularidade, com este “The Long Road North” a suceder um ainda muito presente “A Dawn to Fear” e com um EP pelo meio a manter-nos entretidos durante a espera, como pela sua omnipresença como uma referência. Tão influentes nesta música de peso e densidade atmosférica que, sempre que apareça alguém com uma sonoridade que ande lá perto, lá vem o trio maravilha das comparações: do outro lado do Atlântico, os Neurosis e os Isis, e no Norte aqui do velho continente, os Cult of Luna.

Com uma carreira já mais do que feita, os Cult of Luna também começam a ser ponto de comparação para os próprios Cult of Luna. Há ali aquela sequência fantástica a culminar no quasi-melódico “Eternal Kingdom” que soube simplificar a sua fórmula com mestria e podia ficar-se por aí o avanço e hoje andavam só na recriação. Mas ainda têm muita coisa no saco para surpreender, ao que parece, e “A Dawn to Fear” deixou uma expectativa alta para este “The Long Road North,” que já podia cumprir muito bem através da coesão e consistência, sem surpresas e inovações. Mas é isso e algo mais. Sim, um tema como “An Offering to the Wind” tem tudo o que está no manual mas não é por isso que não deixa de ser um dos seus grandes malhões progressivos de sempre, assim mesmo. Mas chegamos lá já com um ouvido de atenção reforçada, logo com a entrada da introdutória “Cold Burn,” que entra com uma batida muito industrial a sugerir-nos que elemenos novos se chegarão à frente.

É a fusão que acontece. O que conhecemos dos Suecos, mas com algumas vestimentas novas. A atmosfera mantém-se igual, mesmo com sintetizadores a chegar-se ocasionalmente à frente e até voltam a surpreender com a sua laia pós-punk em “The Silver Arc.” Talvez escureça ainda mais quando chega à nova surpresa que é “Into the Night,” com uma voz limpa sem precisar de convidado, a remontar a algo de Mark Lanegan ou Nick Cave e a tornar-se inevitável destaque. E retoma hábitos recentes de colaborações, como os presentes em “Mariner” ou até em partes do EP “The Raging River,” em que “entregam” a sua música a algúem: “Beyond I” à dócil mas penetrante voz de Mariam Wallentin, e “Beyond II” ao caos ambiental de Colin Stetson. Coisas a manter-nos a atenção. Que não nos distraem de outro malhão-tipo como “Blood Upon Stone.” E o que podia ser apenas um paredão sonoro denso torna-se uma viagem com mais paragens curiosas que aquelas que esperaríamos. “The Long Road North” consegue ser, simultaneamente, um álbum familiar dos Cult of Luna e uma caixinha de surpresas. Prova de uma tal genialidade, palavrão que tanto lhe atribuem.