Já passou tempo suficiente, não já? O povo é sempre muito tinhoso mas também tem que ceder, ainda por cima pedidos de desculpa informais já foram feitos por parte dos Cryptopsy, cuja bofetada nos fãs lançada há já mais de quinze anos, à qual chamaram “The Unspoken King,” ainda faz eco hoje em dia. Mas já muita coisa boa saiu depois disso e “An Insatiable Violence” chega numa boa altura discográfica.
Conversas do old school não precisam de ser para aqui chamadas. Já não se captura a crueza, podridão e até sonoridade – aquela bateria! – do “Blasphemy Made Flesh” portanto esse disco fica lá no seu altar para ser adorado por qualquer fã de death metal. Mas, a contrastar a produção moderna, a atitude e brutalidade com que tratam todos os detalhes deste muito bem intitulado “An Insatiable Violence” é à moda antiga e os Cryptopsy só andam à procura da possibilidade de as coisas serem só mais rápidas e desenfreadas ainda. Ao contrário dos seus contemporâneos Dying Fetus, que têm aquela convivência com os extremos do shredding e a simplicidade dos breakdowns para o balanço, os Cryptopsy nunca abusam de uma coisa ou de a outra. Muita da técnica reside mesmo na velocidade destes riffs – e continuamos a colocar em causa se o baterista e último original Flo Mounier é realmente humano – e até há aqui muito solo de guitarra surpreendentemente melódico.
Claro que também há precisão naqueles momentos de brutalidade. Sim, sem recorrer aos palavrões que caracterizam aquele infame disco já aqui supracitado, também há aqui muita força no breakdown e até se pode tomar a conclusiva “Malicious Needs” como um exemplo entre vários de riffalhões que puxam bem atrás na hora da murraça. E destaca-se a última faixa porque chega lá sem descolar do acelerador e sem momentos mortos. Bem como queremos. Bem como sempre quisemos os Cryptopsy, com ou sem percalços discográficos de maior dimensão. Em “An Insatiable Violence” soam a uma banda bruta e técnica, que nunca desatinou.