Mais uma boa altura para grandes regressos. “Dissonance Theory” é o primeiro disco com material novo dos Coroner em 32 anos e mesmo que isso por vezes dê para o torto, não dá para conter o entusiasmo, especialmente por parte de quem já não tinha isto no seu “bingo card”. Pode considerar-se e especificar-se que é uma óptima altura para regressos dentro do thrash na vertente mais técnica e progressiva, já que também se regista a improvável novidade dos Dark Angel. Mas há muita boa gente a fazer de conta que esse não aconteceu. Tudo bem, ouve-se este novamente na vez do outro.
Para situar, não por necessidade, é de lembrar que os Coroner são altamente influenciais e discos como “Mental Vortex” ou “Grin” são clássicos de um género tão propício à estagnação como é o thrash. Apesar de tudo, continuam a ser uma banda de culto. Se ainda estão por descobrir, “Dissonance Theory” é um tão bom ponto de partida como qualquer um dos já velhinhos antecessores. O recém-chegado não se deverá deixar levar pela ideia do técnico pelo exibicionismo, pelo shreddanço disparatado. O ADN de um tema como “Consequence” se calhar é mais Megadeth que alguma dessas bandas muito complexas, e numa “Sacrificial Lamb” é através de riffs relativamente simples que remontam a uns Meshuggah mais terrestres. Se já antes sabiam fazer isso com precisão, não lhe perderam o jeito. Que é, afinal, a temática de todo o álbum.
Por entre solos mais à heavy clássico e com alguns riffs como o de “Trinity” que até podia ser teutónico antes de realmente se meter por outros caminhos, lá se encontram as tais brincadeiras com o tom da guitarra, o tal “dissonante” que é moda agora e os Coroner andavam a fazê-lo há três décadas atrás, e mais umas fantásticas atmosferas a pairar sobre malhas destrutivas mas desafiantes. Assim mesmo a mostrar que não são só os Vektor agora que sabem fazer truques. Nisso, alguns malhões como “Crisium Bound”, “The Law” e “Transparent Eye” são perfeitos exemplos e entre os principais destaques neste disco sem chouriços. Só a capacidade de pegar nesses conceitos de progressivo e técnico sem os tornar maçadores, – não é que sejam, por si só, mas sabemos como se pode tornar, ao cair em mãos que não o governem devidamente – já mostra uma capacidade impressionante na escrita de canções. Mas isso foi o que fez queixos cair antes, naquelas tais três décadas atrás. O impressionante em “Dissonance Theory” é como se mantém tão intocável passados todos estes anos. Parece que nem passaram. Esta maluqueira toda até mexe com as linhas do tempo.

 
     
                    
 
                                     
                                    