Um grande equívoco em relação à música pesada, especialmente por parte de malta de fora, mas também por alguns internos, é a de procura por superlativos ou comparativos em relação ao peso, como se existissem coisas mais pesadas do que outras. Que uns são mais pesados porque soam assim, ou outros porque fazem uma coisa assado. Totalmente errado. Não existem balanças, nem termos de comparação, não existe alguma coisa que seja “a mais pesada.” Mas pronto, são o “Monotheist” dos Celtic Frost e os Conan. Santa contrariedade.

E os Conan não desiludem ao sexto álbum. Não mexem um mínimo da fórmula, mas “Violence Dimension” pesa as mesmas toneladas que os seus antecessores e é isso que queremos, riffs tão grossos, tão densos, que até nos mexem com os interiores. E não perdem tempo a apresentá-los, a arrastá-los por longas faixas, a debitar um atrás do outro e, de vez em quando lá cometem o sacrilégio e até os aceleram – os três minutos de “Frozen Edges of the Wound” e os quarenta-e-cinco segundos de “Warpsword” são um exemplo disso. Uma delícia para quem apreciar sludge e doom com esta densidade e que não resista ao fuzz e às vibrações todas causadas pela escola destes Ingleses, dos Crowbar, Sourvein, Unearthly Trance, entre outros. É abanar a cabeça, que não resta muito mais a fazer.

É a capacidade que têm de criar tanto riff tão massivo e avassalador, é por terem uma fonte aparentemente inesgotável, que não os acusamos de andar a fazer o mesmo disco, mesmo que “Violence Dimension” siga exactamente a mesma vertente dos seus antecessores. É mesmo só mais um brutamontes de mais um discaço pesadão. E maldoso. Que este paredão sonoro não anda por cenários dreamy ou psicadelias, isto é mesmo malévolo e macabro. E ainda há a maldade da conclusiva “Vortexxion” que até se recusa a dar-nos os riffs, dá-nos só o barulho de feedback e muito drone em doze torturantes minutos. É aquele pós-tempestade a dar-nos uma chance de arrumar tudo à nossa volta que abanou, e os nossos órgãos interiores que também poderão ter saído do sítio. A dar tempo suficiente de recompor para ouvir isto outra vez, porque tem mesmo que ser. Isto só perderá pontos se os Conan realmente perderem o jeito para os monstruosos riffs, porque é muito improvável que sejamos nós a fartar-nos disto.


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