São um nome ainda emergente e que já muito depressa conseguiu reunir bastante atenção e consagração. Até é apenas um ano que separa este “The Bestiary” da estreia, com os Castle Rat a saber capitalizar essa atenção. O que é que a trouxe? Muita coisa. Mas sejamos honestos, é claro que houve muita coisa na imagem da banda, especialmente na forma como a vocalista, a tal Rat Queen, se apresenta, que enche o olho. Mas depois encontrámos muitas razões para ficar.
Para além da espada e do escudo, também têm grandes riffs, uma grande voz e grandes temas como arma de defesa. Não para os monstros e bestas fantasiosos que vão sendo derrotados e conquistados ao longo deste enciclopédico “The Bestiary,” mas para outros espertos que acham que é tudo só uma mera exploração de imagem e Riley Pinkerton, a nossa Rat Queen, não passa de uma exibicionista que encontrou aqui um veículo para fazer que faz qualquer coisa à custa do corpo. Quem insiste nessa tecla não é lá muito melhor que as criaturas aqui chacinadas neste épico disco. Para já, tem todo o direito a fazer o mesmo que os tipos musculados, armados em Hércules, que já faziam o mesmo. Mas melhor. E claramente não se resume a isso, já percebemos que os Castle Rat são uma grande banda e “The Bestiary” é um grande disco de doom tradicional épico de partir para a batalha. Montados num unicórnio e tudo.
Também é um estilo que vai desfrutando do seu revivalismo, e justifica-se a adoração renovada por Cirith Ungol e o hype à volta de actos mais novos como Eternal Champion ou Crypt Sermon. Mas os Castle Rat não se encostam apenas a isso, e trazem logo dois fortes argumentos seguidos – são dois discos fortíssimos – para também estarem bem ali na frente da batalha com esses e outros congéneres. O conceito over-the-top e todo aquele chesse intencional nos videoclipes – que está uma delícia – e nas actuações ao vivo, mostram realmente que essa parte não é de se levar muito a sério, mas o resto sim. Há um óbvio e enorme destaque para a voz da Rat Queen, que nunca se ergue para exageros e até mostra capacidade para também potencialmente carregar alguma coisa noutra vertente mais dark, tipo King Woman, se ela algum dia quiser. A nível instrumental, nem sempre opta pelos riffs mais pesadões e cheios de fuzz, – mas há sempre uma “Dragon” e uma “Sun Song” – e até é capaz de recorrer a outros truques quase sinfónicos para tornar uma “Crystal Cave” mais épica, e ambientes acústicos para tornar uma “Wolf II” arrepiante. Se têm uma espada e este disco à mão, estão prontos. Mas como isto promete, preparem-se para muita batalha ao lado deste bizarro quarteto.