Quando se gera um hype muito grande à volta de algo e colocamos expectativas muito altas sobre o mesmo, se não corresponde, a culpa é totalmente nossa. Mas há casos em que é impossível evitá-lo. O choque e pasmo perante o anúncio do regresso de Johan Langqvist à voz dos Candlemass desde o histórico disco de estreia de 1986, para gravar este novo “The Door to Doom” e não só para uma meia dúzia de concertos, não dava mesmo para controlar.

O tal “Epicus Doomicus Metallicus” é “apenas” um dos melhores álbuns metálicos de sempre e não fez muito mais além de ajudar a criar todo um subgénero. Só para tirar aquela pressão. E se toda a boa gente já foi transportada para o passado e não consegue evitar pensar em “old school” e em pioneiros, então peguem lá Tony Iommi a emprestar uma guitarrada num tema. Já podemos ficar todos histéricos? Já dá para mandarmos as expectativas bem lá para cima para o tombo da desilusão ser ainda maior? Podemos porque não acontece nada disso. “The Door to Doom” corresponde à expectativa com doom metal de raíz sem soar pretensiosamente datado. Com os riffs a trabalhar como os condutores e a garantir que todos estes lentos e graves acordes são completamente Candlemass – mesmo que afilhados dos Black Sabbath, claro.

A voz de Johan já não pode ser bem a mesma de há mais de trinta anos atrás mas continua a ser uma performance impressionante, que acrescenta bastante força às melodias das canções que, mesmo que não venham para bater nenhuma “Crystal Ball” ou uma “Solitude,” têm toda a força para serem novos hinos do doom metal, a recorrer bem mais ao intemporal do que ao antigo, como “Splendor Demon Majesty”, “Under the Ocean,” “The Omega Circle” ou “Astorolus – the Great Octupus,” a tal com a enorme participação de Iommi, que prometem não ficar esquecidas num molhe de canções lançadas só para a nostalgia. Funciona um pouco como o “13” destes Suecos e não os apresenta como apenas uns velhos a querer mostrar que ainda são eles que mandam. Só uns Candlemass conscientes do doom metal que criaram, que já evoluiu e que ainda vai agradecendo o lançamento de um grande disco à antiga como este.