Veteranos da cena, sem serem da Florida ou Suecos, mas sim de outro importante ponto geográfico. Os Britânicos Cancer já andam há umas boas décadas a debitar death metal da velha guarda. Um tremendo álbum de estreia em 1990 e uns dignos sucessores. Até chegar ali ao meio dos 90s, começarem a inventar com outros estilos, parar e voltar com outro registo paupérrimo. Aí dizemos como os miúdos na peladinha quando já estão a ser goleados e têm que inventar regras quando não lhes apetece sofrer mais golos: “não valeu.” E consideramos o regresso de 2018, o verdadeiro regresso discográfico que nos trouxe os Cancer que tanto gostamos.
Porém, há outro obstáculo para os Cancer, além ali da má fase. Até porque pouquíssimos são os que não a têm. É mesmo o quão despercebido pode ter passado tudo isso. Os altos e os baixos. Mesmo reconhecidos e respeitadíssimos, parece que nunca subiram além do meio da tabela do death metal old school. O fã mais exigente até os acusará de mediania. Mas como estas linhas vêm de um sítio que dá todo o reconhecimento ao “To the Gory End,” temos isso a apontar a favor do novo “Inverted World.” Tem as ferramentas desse clássico, em vez de falhas. Tal como já tinha acontecido com o “Shadow Gripped.” É death metal, assim na sua tradicional e pútrida forma, sem tirar ou por alguma coisa, e com tudo para agradar quem procura isso mesmo. E digno de girar mais umas quantas vezes no futuro.
John Walker é o único membro original e traz uma formação completamente renovada. É verdade, nem sequer um sobra do “Shadow Gripped.” Mas também não foi para inventar muito. Foi para manter a fidelidade à fórmula: riffs potentes e frenéticos – eles nunca dispensaram o thrash, também não vai ser agora – e a voz já um pouco envelhecida de Walker a mandar vir e a expulsar um refrão simples, de repetição do título da música, mas que ajuda a que os temas até sejam bem orelhudos e memoráveis. Quem ainda anda a cantar a “C.F.C.” sabe do que falamos. É bem possível que os fãs mais exigentes cheguem a meio disto já aborrecidos, mas quem é exigente apenas com a intensidade e quer um death metal às medidas, tem aqui tudo o que precisa para umas repetidas audições. E para ir recordar o “To the Gory End,” declarar-se a ele e pedir-lhe desculpa por não ter feito dele um clássico como muitos outros.