Não é engano. Nem pegamos nalguma compilação de êxitos ou estamos aqui a inaugurar um novo espaço das músicas da nossa vida, patrocinado pela M80. Que até nem seria mau. O grande Billy Idol tem mesmo um álbum novo. Já contamos logo que “Dream Into It” seja o tal álbum introspectivo de um “velho” que olha para trás para o seu legado. E quereríamos outra coisa do cavalheiro da “Rebel Yell”?
“Dream Into It” não vem para ser um disco do passado, presente e futuro. Até porque essa cena do futuro, ele já a tentou com o infame “Cyberpunk” de 1993 e não correu lá muito bem – então o maltrapilho vai fazer toda a promoção e lançamento do álbum na internet? Quem é que ia alguma vez fazer isso? O gajo é maluco ou quê? Claro que olha muito para o passado, mas também procura estar assente no presente. Nem que seja por direito: se ele é tão influente para coisas como o pop punk, então ele tem o direito a praticá-lo. E lá aparecem umas canções com estilo e produção mais modernaços para não parecer que ele está preso nos 80s. Mas, mesmo assim, “Dream Into It” é um disco nostálgico. E sim, duetos com a Avril Lavigne também já são nostálgicos, não estamos em 2002. Junte-se a contemporânea Joan Jett e Alison Mosshart, melhor representante do rock mais actual, e até há um leque jeitoso de convidados. Enriquece um pouco um disco com canções divertidas q.b. cantadas pela voz já bastante envelhecida do punk de cabelo espetado que é como os outros, logo não podia preservar a juventude daqueles tempos.
Evidentemente, haverá muita introspecção. Não acha que seja possível haver “Too Much Fun” e recordará uma juventude de descoberta em “77.” Fica sério e pede desculpa a todas as pessoas que acha que o mereçam em “People I Love” e celebra-se em “Still Dancing,” o throwback mais descarado, já que é mesmo uma sequela directa da “Dancing with Myself.” O bom e o mau da sua fama. Billy Idol sabe quem é e o que fez. E também sabia o que tinha a fazer neste disco, o seu primeiro longa-duração em mais de dez anos, – com EPs pelo meio para dar ares da sua graça, também, ele não reapareceu do nada – sem esperar que estivesse aqui uma obra-prima, mas que divertisse. Como antigamente. Um álbum com noção.