Baroness, a banda colorida mais negra está de volta quase quatro anos depois de terem pintado as suas melodias de tons púrpura e de terem dificultado a vida a muito jornalista e crítico com aquela obrigação de compilar os seus discos do ano, lançando esse “Purple” mesmo a fechar 2015, quando as listas do frete já estariam concluídas. É o que vem com um novo disco de Baroness, não vai ser só a espectacular capa que vai ser notável, o interior fica-lhe à altura. Repete-se nesta novidade agora pintada de tons dourados e cinza.
“Gold & Grey” é mais um passo na acessibilidade mas, ao mesmo tempo, na complexidade do renascido colectivo de John Baizley. Cada vez mais afastado da rudeza e barba rija do sludge de tempos iniciais e com um sentido melódico cada vez mais apurado e invejável, “Gold & Grey” aumenta o seu leque de canções embaladoras e viciantes, enquanto se torna mais difícil cumprir aquela chata “obrigação” de os classificar e inserir em algum rótulo. Ainda com alguns ares de deserto em riffs stoner, – mesmo que cada vez mais ultrapassados por uns ares mais fantasiosos e, lá está, coloridos – na base da sua abordagem única de um rock progressivo, agora com mais nuances de space rock e krautrock, com a força das guitarras a tornar-se agora mais subtil sob a voz de Baizley e a deixar ganhar algumas passagens acústicas, sem esquecer aspectos revivalistas e um enorme refrão de hino sempre que possível.
É o disco mais psicadélico do repertório dos Baroness e soa a evolução e progresso a passos largos e sem medos. Com uma base definida, deixam entrar variadíssimas influências novas, explorando até ambientes novos em curtas interludes, onde há desde o acústico ao electrónico. Ainda têm malhas potentes e uma sensibilidade pop rock bem vincada. Há agressividade em riffs, açúcar em melodias e muita raiva e negrume – compreensíveis dado o percurso da banda com os seus episódios trágicos – nas letras e na voz, num contraste que faz com que os tons dourados e cinza da capa também se ouçam. Pede muitas audições repetidas e faz-nos questionar qual o próximo passo, qual a próxima cor a tomar – ele diz sempre que o próximo já não vai ser de uma cor, mas depois nunca resiste. Ficará sempre cada vez mais difícil saber onde inserir os Baroness. Já pelo seu tamanho também.