At the Gates

The Nightmare of Being
2021 | Century Media Records | Death metal melódico

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The Nightmare of Being” é o terceiro álbum a chegar-nos após a notícia da reunião dos At the Gates, e é mais um motivo para nos fazer habituar à renovada presença discográfica da banda quando já eles próprios nos garantiam que não ia haver sucessor para “Slaughter of the Soul”, disco clássico editado em 1995 e que tanto definiu o death metal melódico Sueco.

Hábito e aceitação. A ideia de que não dava para seguir um álbum com o legado que teve “Slaughter of the Soul” já estava estabelecida e, realmente, o tardio sucessor “At War with Reality” era bom mas sem ser propriamente especial. Agora a banda de Tomas Lindberg até podia encostar-se a isso e viver do respeito e do legado, com discos que recriassem, com competência, o som que praticamente criaram. Mas não. Os retornados At the Gates não vêm só para reviver antigas glórias, vêm mesmo para trabalhar e se ainda há espaço para mais evolução, então que assim seja. Há inteligência e noção num disco como este “The Nightmare Being”: o melodeath, da marca de Gotemburgo, que plantou as sementes todas para o metalcore, tem que ser dos géneros mais estagnados da música pesada que ainda aí vá andando a aborrecer, por aqui e por ali. Não é esse o legado dos At the Gates nem do “Slaughter of the Soul,” portanto discos aborrecidos não são opção.

The Nightmare of Being” traz surpresas. Mas não pende para lados de uns certos conterrâneos com quem partilham legado, mas que tomaram caminhos bem diferentes, os In Flames. Há uma notável sofisticação daquela sonoridade venenosa que não perde a garra, e muito menos a melodia. Sem esses já nem eram os mesmos. Mas as malhas revestem-se de uma outra maturidade, tomam um caminho bem mais progressivo, que surpreende nas estruturas de algumas canções pelo meio de um metal mais musculado – mais à The Haunted. As surpresas não se ficam por aí e vão além das subtilezas: a voz grave sussurrada na rockeiraCosmic Pessimism” e o solo de saxofone em “Garden of Cyrus,” tão bem feitos e aplicados, que é inevitável tornarem-se destaques num álbum já repleto de highlights. Acusar agora maturidade na música dos At the Gates até soa jocoso, quando referente a uma banda veterana que ajudou a desenvolver um subgénero há décadas atrás, mas tem que se fazer alguma distinção desse tipo a este “The Nightmare of Being.

Músicas em destaque:

Spectre of Extinction, Garden of Cyrus, Touched by the White Hands of Death

És capaz de gostar também de:

Dark Tranquility, In Flames (de outros tempos), The Haunted


sobre o autor

Christopher Monteiro

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