Já podemos dizer que ninguém para a nossa cena e já existirão devotados lá fora que têm uma nota registada algures, ou algo que os notifique do aparecimento ou lançamento de alguma coisa extrema saída de Portugal. Começa a virar catadupa sem correr o risco de cansar, e sempre coisas tão distintas, a cimentar que existe cá uma boa fonte para praticamente tudo. Os ANZV já impressionaram bastante com “Gallas” e não pensam deixar bocas fechar-se com o novo “KUR.”

Musicalmente, é mais um paredão sonoro de black/death metal de marca própria, com um ambiente, uma intensidade e uma grandeza de proporcionar satisfação a quem não tem sentido os Behemoth a encher-lhes as medidas. Mais denso, mais intenso e mais atmosférico que o “Gallas,” com tanto de ligação como de distinção entre os temas, especialmente com o recurso a outros elementos e influências exteriores. Os riffs soam mais potentes ao recorrer mais à dissonância das guitarras, não para soar mais barulhento nem para seguir a corrente, já que é uma tendência actual, mas porque ajuda a complementar a atmosfera. Isso é aquela parte musical, a superfície importantíssima, mas que os ANZV não pretendem que seja a única coisa de que se fale. Falta a parte visual e conceptual. Que não é uma distracção, é mesmo um complemento, que dá outra camada à música e até mesmo à forma como ela soa.

Assim já temos para onde sermos transportados, e regressamos a territórios sumérios. O fascínio pela Mesopotâmia, pela sua geografia, cultura e, muito importante, a sua mitologia, contribuem para que tudo à volta desta malta do Porto seja único. Ajuda a que tudo soe mais misterioso, mas mais fantástico também, e atentando ao conjunto completo é quando realmente nos apercebemos como somos transportados e até soterrados por aquelas profundezas subterrâneas. E ainda haverá muito para explorar neste tema e, da forma como galoparam até agora, também não terão problemas em conseguir avanços musicais, para que esta criatura não pare de crescer e conquistar o panorama além-fronteiras. Por comparações sonoras, estilísticas e não só, podemos antever que os Gaerea não prosseguirão a sua viagem pelo mundo fora sozinhos.


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