Com “Borderland,” contamos quinze álbuns dos Amorphis, uma banda sempre tão regular desde o seu início, e já veteraníssima. É a isso que soarão a cada novo álbum, já podiam ser daqueles a quem não se ensinam novos truques a esta altura do campeonato, mas aí há o risco de também começarem a soar a uma banda velha.

No entanto os Amorphis não são desses, porque até quiseram dar umas voltas à sua fórmula de balanço de peso e acessibilidade, expandindo-a, explorando outras influências exteriores, e perdendo qualquer medo de esticar a corda da melodia mais açucarada, como fizeram na anterior trilogia discográfica. São dessas bandas. Das que podiam ser uma banda diferente para cada logo. E “Borderland” segue o trajecto de “Halo,” sem surpresas por aí. Explorando o mesmo caminho, talvez vendo se dá para esticar aquela tal parte quase-tabu ainda mais. Mesmo balanço de voz limpa e gutural – “balanço”, porque pende mais para a limpa – com uma dinâmica sempre muito catchy e meia dançável – refrães como os de “Dancing Shadow” ou “Fog to Fog,” se tivessem uma batida industrial a acompanhar, até assentavam nos Crematory.

Os floreados para embelezar são aquela parte que é dispensável, muitas das vezes. Mas nos Amorphis têm todo o propósito. Continuam a achar graça ao folclore oriental e voltam a recorrer a ele em “Bones,” uma das canções mais agressivas e pesadas, e em “The Lantern“; a introdução de teclados de “The Strange” remonta a fantasias épicas e trazem uma melodia que podia ter ocorrido aos Nightwish. O peso é mesmo contido, como se fosse uma fina capa sobre canções altamente melódicas. E ao ouvir temas como “Light and Shadow” ou “Despair“, até nos dá a impressão de ver uma banda de AOR com uma só porção de peso barrada por cima. Para uma banda com um trajecto de qualidade consistente e no qual talvez se encontrem dois picos – “Tales from the Thousand Lakes,” cujo death metal mais cru tem os fãs menos atendidos actualmente, e “Skyforger” – não soam a uma banda que se conforma, mas que pode realmente soar àquelas bandas lendárias, incapazes de se reconectar com as suas raízes. Ou a uma banda madura.


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