Altarage

Succumb
2021 | Season of Mist | Death metal

Partilha com os teus amigos

O pasmo quando nos apercebemos que foi apenas há meia dúzia de anos que ficámos a conhecer os Altarage, quando já lhes conseguimos associar um estatuto de veteranos e com tanto barulho que já ouvimos assinado por eles. Também já estamos mais que habituados ao mistério à sua volta e também eles tocam como “gente grande,” sem qualquer indício de que ainda andem à procura de uma identidade. É que “Succumb” é já o quinto disco. Essa assiduidade, sem a parte fartável e sem estagnação, é que enriquece o legado dos Altarage.

A parte da identidade é aquela que se calhar treme primeiro. Mas já parecem e soam confiantes, capazes de sacudir qualquer acusação de serem uns meros “Portal espanhóis” com um riff monstruoso cheio de incontáveis camadas que, sim, torna as influências da igualmente misteriosa banda Australiana evidentes, mas também já estabelece que, na verdade, os Altarage já têm os argumentos para liderar um movimento – que o que não falta agora são encapuçados anónimos a fazer barulho por aí – quase lado-a-lado com os Portal. Com um barulhinho fiel, mas do bom tipo de fidelidade. Um monstro tão medonho como a estreia “Nihl,” tão inacessível como o antecessor “The Approaching Roar” mas com feições suficientemente diferentes para sabermos que é outro monstro.

Pode ser o tal aperfeiçoamento da mesma fórmula. E olhando por aí, “Succumb” podia ser sucessor directo de “Nihl.” Ou então, o melhor desde esse longa-duração de estreia. O paredão sonoro que lhes conhecemos, sempre contínuo, com riffs colossais e avassaladores. Com pausas para retomar a respiração mas sem deixar que os olhos se habituem ao escuro. Com o peso, negrume e distorção que realmente possamos comparar aos Portal, mas sem deixar de beber a outras águas imundas como os Autopsy, um caos quase grind ou lentidões doom – “Lavath” não abranda, pára mesmo para nos torturar, antes de arrancar novamente num malhão de causar inveja a muita banda de funeral doom, possivelmente também encapuçada. Para acabar, vinte minutinhos de arrasto no lamaçal com uma “Devorador de Mundos,” para reforçar a ideia de que há todo um campo lexical para descrever os Altarage mas “piedade” não entra em nenhuma parte.

Músicas em destaque:

Magno Evento, Lavath, Inwards

És capaz de gostar também de:

Portal, Bölzer, Body Void


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos