Foi há 45 anos atrás que os Agnostic Front deram os seus primeiros passos num percurso que viria a ser pioneiro e de tremenda influência no raivoso hardcore nova-iorquino e no crossover thrash. Tudo coisas que ainda fazem eco hoje em dia. Pela altura que chega este “Echoes in Eternity”, dá para dizer que o mundo não se pôs propriamente a jeito para que estes veteranos já não tivessem alguma coisa a dizer.

Falta saber é se ainda têm pedalada para tanto hardcore, do mais puro ao mais metalizado, que se faça hoje em dia. Felizmente, “Echoes in Eternity” não está em falta ou em dívida, no que diz respeito ao quão enérgico ainda pode soar. Isto é o tipo de coisa que se quer simples e até tem que haver compreensão quando soam influenciados por actos já influenciados por eles – acontece quando uma banda procura modernizar-se. A essência mantém-se e, em menos de meia hora, fazem a descarga que têm a fazer, com temas breves e directos, escarrados com escárnio, rápidos, prontos para a pit e sem cuspir muita alarvidade embaraçosa que pode vir com alguma crise de meia-idade. E com certeza apoiam a filosofia do “menos é mais”.

Daí também ser compreensível a espera de seis anos pelo novo registo. Não se justificaria tanta proficuidade agora. Mas justifica-se a familiaridade com que tudo é aqui feito. Também orientado por riffs, o que melhor distingue os temas, com os habituais “gang vocals” e um rap ou outro pelo meio. Se há mudança na velocidade, é para mais – os 40 segundos demolidores de “Art of Silence” – e não se esquecem do legado que deixaram no thrash, ao deixá-lo dominar mais em alguns temas, como nas finais “Obey” e “Eyes Open Wide”. Do mais hardcore que se podia fazer há décadas atrás, e do mais hardcore que se pode fazer hoje. Não era preciso mais do que isto. E a esta altura do campeonato, já se terão habituado à voz do Roger Miret…


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